Monday, April 16, 2012

Piece #4

Devagar e sempre retorno ao blog.
Faltam 5 semanas para eu me formar no mestrado.
( E pensar que comecei este blog antes de vir para cá, buscando um meio de me comunicar com minha família e amigos no Brasil...)
Parce que foi há mil anos atrás.
Mas também parece que foi ontem.

Portanto é mais do que justificável minha ausência por aqui.
No último mês apresentei meu trabalho Piece #4 e dancei para outras coreógrafas em diferentes espaços e festivais.
Também houve o Major Dance Concert, onde dancei mais uma vez a coreografia Rookery criada pela coreógrafa Aszure Barton. Foi intenso, cansativo, mas também gratificante.
Terminei o primeiro corte do meu subway project e estou a todo vapor criando meu último trabalho a ser apresentado na NYU (agora em Maio, 2012).

Estou com a corda no pescoço; a correria está gigante.
Comecei um estágio no Brazilian Endowment for the Arts e tenho corrido atrás da minha permanência por aqui.
Há ainda alguns trabalhos finais a serem entregues. Workshops e masterclasses que finalizam o curso.
Estou me inscrevendo em tudo quanto é que é coisa que consigo. E estou trabalhando sozinha, me virando para montar meu website-portifolio em Inglês (www.carolmendes.org)

É isso.

Mais dança na veia do que nunca!

E olha aí minha coreo (com minha edição!):

Piece #4 from Carol Mendes on Vimeo.

Sunday, April 15, 2012

Tempo - Jiri Kylian

Tempo que não há.
Minha noção de tempo se esvai.
O que antes parecia lento se torna natural.
Em cada detalhe cabem mil palavras de expressividade

Sentimentos traduzidos em gestos
Pura dramaturgia
Pesquisa dos significados

Jiri Kilian e Michael Schumacher criaram uma obra prima
Um dos trabalhos mais complexos que já assisti
Cada personagem é absolutamente único

Por mais que eu estivesse atenta
Eu perdia informações
Por mais que fosse tudo uma dança em slow motion
Eu não conseguia ver tudo

A senhora bêbada
O homem apaixonado
Um outro homem sem escrúpulos
Uma cena de estupro
Mas por pior que isso soe:
tudo era belo
e triste.


A vela no escuro.
As imagens refletidas nos espelhos.
Uma grande sucessão de imagens poéticas.
Metáforas únicas para mim,
e provavelmente únicas também para cada indivíduo na plateia

Histórias sendo criadas em minha mente
O tempo se alongou
E mesmo após o fim do espetáculo
“Last Touch First” continuou se estendendo e se recriando na minha mente

Fui em busca de histórias de Chekov
De fato, os personagens são complexos
Um reflexo cru e cruel da humanidade

O medo da morte
Frivolidades
Mentiras, decepções.
E a esperança de alguns.


"The departed sleep; the dear ones sleep!" the stranger mutters, sighing loudly. "They all sleep alike, rich and poor, wise and foolish, good and wicked. They are of the same value now. And they will sleep till the last trump. The Kingdom of Heaven and peace eternal be theirs." (“A bad Business”, by Anton Chekov.)


E então não me importo mais com o que tudo isso quer dizer
A memória grava um tempo novo
E isso se perde numa imensidão de pensamentos

A dança fica jogada em algum lugar do pensamento
Fluindo sem sentido
E paradoxalmente, com a maior coerência possível.

O espetáculo se tornou uma lembrança
Um turbilhão de sentimentos jogado no buraco negro da memória.
Tempo que se perde
Que para
Que dura para sempre.



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Assisti "Last touch First" no The Joyce em 10 Abril 2012.

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