Tuesday, September 27, 2011

Dumbo Festival

Estou sem máquina há um tempo.
Então nunca mais postei fotos minhas.
E precisei implorar para conseguir apressar meu marido e fazê-lo postar as fotos no flickr dele para eu poder colocá-las aqui...

É engraçado ilustrar NY com o olhar de uma outra pessoa.
Quando andava sozinha por aqui meu olhar era atraído por um determinado tipo de coisa.
Linhas; contrastes; natureza versus selva de pedra; pessoas malucas.
Mas agora que meu marido está aqui é o meu olhar somado ao dele.
E ele enxerga tanta coisa diferente do que eu.

Eu nunca tinha reparado se NY tinha motos.
Para falar a verdade, de vez em quando as pessoas me perguntavam se aqui era como São Paulo, e eu sinceramente, não sabia responder.
Nunca tinha reparado. Os taxi amarelos e as bicicletas são tão mais significativas que nunca dei nem atenção para caso tenha moto ou caminhão dentro da cidade.

Mas o Nicolas não.
Vive me mostrando o fato que aqui passam caminhões enormes, e que, apesar de poucas motos, sempre há uma vespa bonitinha estacionada por aí.
Fomos ao Dumbo Festival no Domingo e eis uma sequência de olhares:


La Avispa

Uma vespa
Uma arte de rua despercebida


Escondido


Um círculo
Tanta gente envolvendo uma trupe de palhaços
Vóvozinhas choravam de rir quando passamos por esta aglomeração.
Mas não paramos para ver o show.
Mas fiquei encantada com a foto do Nicolas.
Adoro reparar como as pessoas se juntam, se separam, como o espaço é ordenamente ocupado, até mesmo por uma multidão a princípio desordenada.

Cercle

Fomos andando rumo ao Píer 1, já no anoitecer.
E nos deparamos com um carrossel todo envolto de vidros, de frente para Manhattan.
E pelo vidro a luz entortou e saiu a foto abaixo, com o detalhe da luz do carrossel sendo refletida.

Vertigine

E então a vista clássica do Pier 1 (no Brooklyn de frente para Manhattan).
Não importa há quanto tempo você more em NY.
Na minha primeira visita fiquei emocionada com a visão.
E ontem, mais uma vez fiquei impressionada.
Me faz pensar para quantos milhares de pessoas estou olhando.
Para cada luzinha deve ter tanta gente.
Mas tanta gente...
E as vezes eu acho que eu estou sozinha no mundo.
Como?
Se tem tanta gente assim, né?

Financial District

E então mais uma arte do Pirata, onde ele ao invés de tirar foto do skyline, virou para trás e tirou uma foto do Brooklyn...

Pier 1

E aí todas as cores da ponte do Brooklyn.

Bridge Skyline

...
...
...

E aí a minha mais nova foto favorita, que descreve muito bem meu cérebro.

Estranhos

Bora correr apressada, na multidão de informações deste mundo.
E é bom fazer cara de feliz.
E por a língua de fora
para descontrair.

=D

Sunday, September 25, 2011

Sábado e Domingo

Quando o fim de semana é mais corrido que o resto da semana é porque a vida tá dura ou eu sou masoquista?

Em "poucas palavras", porque estou muito cansada para escrever sentenças-parágrafos (além desta...) sobre meu fim de semana:

Acordar mais tarde no sábado
Marido faz almoço preguiçoso
Vou para aula de como ganhar dinheiro
para me manter como coreógrafa em NY
Saio motivada
Cabeça a mil
Projetos de dança a curto e longo prazo
Todos dançando na minha mente
Vejo amigos bailarinos dançando
Descemos até Little Italy
Festival para San Gennaro
Muvuca
Homem com cara de mafioso italiano faz charuto
Eu e o Nicolas contamos quanto mafiosos encontramos
Se a polícia resolvesse trabalhar dava para prender toda a Máfia Italiana de NY
Oreos fritos
Nojento
Não tenho coragem de comer
Mas a Paella, sim
E depois um Canoli, doce italiano
Voltamos andando a esmo
Soho
Washinton Square
E vemos uma banda de Jazz tipo anos 20 tocando no meio da praça
Amamos
Compro o CD e me sinto ajudando músicos que merecem
Chegamos em casa
Rock in Rio via Youtube
Red Hot Chili Peppers
Sono
Dormir no Calor
Deitar na cama no mezanino do novo ap, levantar os braços e tocar o teto
Ouvir o vizinho de cima fazendo cooper na madrugada
Barulho nas nossas cabeças
E seu cachorro com patinhas de rato
E eu que não encontre este cachorro-mala-rato num beco, que não vai sobrar nada
(mentira porque eu amo cachorros demais)
Mas minha mente fértil cria histórias a la Kill Bill...
Acordo cedo no domingo
Após uma noite abafada mau dormida
Passo a manhã me estressando no celular,
falando com o Call Center da Continental
I hate Call Centers
Resumo da odisséia - cancelo meus vôos
Não volto para o Brasil no Natal
Nem para cá em Janeiro
A espera de melhores taxas para poder usar os créditos das passagens canceladas
Finalmente falo no skype com a family
É bom me sentir perto do Brasil de vez em quando.
Saio para almoçar no Chinês, mais barato e gostoso
Um quarteirão de distância de casa
Lunch Specials arrazam
De barriguinha cheia bora para a B&H tentar consertar minha máquina fotográfica
Doce ilusão, mas pelo menos descobri aonde devo ir
Rumo então para o Brooklyn
Dumbo Festival
Minha querida amiga Suzanne Beahrs
tinha um de seus trabalhos na mostra de dança
Chegamos mais cedo
Vimos um monte de gente maluca
Gente fashion
Arte de rua
Sacolas coloridas de graça
Não sosseguei até pegar uma para mim
Nicolas foi ao delírio de tanto tirar foto de tudo
Fomos assistir a mostra
A coreografia da Suzanne arrazou, como sempre
Fomos até o Píer 1
No caminho...
carrossel, rio, skyline, ponte do Brooklyn, arquitetura, imagens e máquina de bolha de sabão
Encontramos com a Nati
Vimos por do sol
Rumamos para a Shake Shack
Anda anda, sobe e desce escada
Troca de metrô
Metrô lento na linha laranja
Metrô the flash na linha azul
Acaba a gasolina do metrô azul
Volta
Chegamos na Shake Shack
Pedimos, sentamos, barriguinha cheia
Corações estufados e felizes
Nati e nós seguimos caminhos separados
Andamos mais e mais
Rua 42
Luzes e tecnologia
Briant Park
Até Chegar na Grand Central
Nos perdemos lá dentro
Achamos o metrô verde
espera espera
Sai na 86
anda anda mais um pouco
Chega na 92
(Posso escrever no blog onde moro?... ah e daí...)
Chegamos
Nicolas vai fazer almoço (é 11 hs da noite, mas é o almoço da semana)
Casa cheirando a arroz com Lula, cogumelo e brócolis
Dá até para parecer que somos granfinos
Exaustos
Escrevo no blog
E cheguei na hora atual
E acabou o post transtorno obssessivo problemático
que funciona como meu cérebro

E buenas para você que não é normal como eu.
Até mais ver.

Good Night.

Wednesday, September 21, 2011

Persona

Persona by Nicolas "Pirata"
Persona, a photo by Nicolas "Pirata" on Flickr.

No nosso primeiro passeio juntos no Central Park
Vimos esse senhor chinês
Sentado num banco solitário
Com a luz incidindo sobre ele de forma poética
Enquanto ele fumava seu cigarro e pensava na vida
Nós furtivamente roubamos esta imagem para fazê-la poesia.

Foto by Ni
Imaginação fértil by me.

....

Meu marido está tirando cada foto linda...
Mas por algum motivo ele insiste em se achar ruim e não posta nada no flick dele.
Já falei que agora não vou usar mais nada do We heart it, quero só coisa original.
Mas fica difícil quando se tem um fotógrafo meio temperamental e com baixa auto estima.
A maioria das coisas que estarei escrevendo por aqui terão fotos dos exatos momentos. Assim vai ser mais ilustrativo.
E fica mais poético também.
Só falta eu poder pegar as fotos.
Vamos ver se esse puxão de orelha público dá um empurrãozinho no Sr. Pirata.

Tuesday, September 20, 2011

Notícias da terrinha gringa - drops

Semana passada estava eu, podre de cansada, andando para lá e para cá nos arredores da NYU, após o primeiro ensaio da Ms Azure.
Estava nas indas e vindas para organizar as coisas da casa nova quando eu e o Nicolas vimos uma barraquinha de mini cupcakes no nosso caminho.
Minha lombriguinha logo deu pulo de alegrias. Mas eu já tinha enfiado na minha cabeça que só quando passasse 1 semana de ensaios da Azsure eu me daria o direito de comer um doce escandaloso como um cupcake.
Mas o Nicolas, marido bonzinho, me parou na frente da barraquinha e me disse que eu podia sim.
Ficamos os dois debatendo se eu ia comer ou não, enquanto o vendedor olhava com uma cara esperançosa para a gente.
Após uns segundos de indecisão, nós fomos nos aproximando da barraquinha e então o vendedor me chamou.
Primeiro ele falou que meu colar (sabe aquele do post chorão?) era lindo e me perguntou de onde nós dois éramos.
Quando falamos que éramos do Brasil, ele não se deu por vencido e continuou na maior simpatia conversando com a gente.
Ele me perguntou se eu sabia o que meu colar significava...
(E olha que eu estou acostumada a pessoas me parando e perguntando sobre este colar, mas ele estava sendo mais animado do que as outras pessoas costumam ser...)
Então eu expliquei que eu ganhei o colar da minha tia, de quando ela visitou o Egito. E que eu não sabia o que significava, só sabia que tinha a ver com proteção... e é meu colar absolutamente favorito.
Então ele abriu um sorrisão e falou que ele era do Egito ( e para mim ele tinha cara de indiano) e que o símbolo que eu estava usando era muito importante, que significava Alá, ou Deus. E para eu guardar o colar para sempre. (Não precisa nem me dizer duas vezes!)
Aí eu comprei meu cupcake de chocolate com pistache, agradeci ele e sai feliz.
E tenho certeza que o vendedor ficou lá na sua barraquinha perdido em memórias da sua terra natal, graças ao colar de uma brasileira.
Enquanto eu saí para outro canto pensando em como um colar me levou até o Egito, como NY possibilita uma troca de culturas como em nenhum outro lugar, e como meu colar agora tem ainda mais significado. E o significado deve-se ao fato do valor que nós mesmos colocamos naquilo que amamos.

....


E NY continua maluca.
É difícil descrever a insanidade coletiva.
Mas a melhor forma é sempre descrever os malucos que passam pela gente.
Outro dia entrou uma menina super patricinha no metrô, vestida ajeitadinha.
Aí eu olhei para os lindos cabelos loiros e compridos dela e vi que só tinha cabelo do lado direito. O lado esquerdo estava raspado na zero.
Cada um com seus problemas, né?

...

E mais uma do metrô:

Entro eu e o Nicolas na linha 6. De manhã. Lotado.
E quando olhamos para o lado tem um manézão deitado no banco, ocupando o lugar referente a cinco pessoas.
E para completar ele amarrou a sua bicicleta nos postes de se segurar, contribuindo ainda mais para o caos matinal.
Não era um mendigo, era um sujeito sem noção que devia ter bebido de mais, saiu com sua bicicleta e mochila e resolveu dormir no metrô.
Se a minha cara e do Nicolas era feia, vocês não podem imaginar a cara de outras pessoas que entravam no vagão.
E o mais impressionante é que se via que todo mundo estava p%$%ˆ$* da vida, mas ninguém sacudiu o sujeito...
Enfim, pérolas dos malucos da cidade.

...

E para acabar as notícias da terrinha um pouco sobre o maridão...
Quem me tem no facebook sabe, mas vou escrever mais detalhado aqui.
Na última quinta eu larguei um pobre menino Pirata com olhar assustado e sua lancheirinha do Batman (ou era a do Cavaleiros do Zodíaco?) na escolhinha.
O pirata consegui achar sozinho uma escola de inglês de graça... Isso mesmo, absolutamente de graça. O nome do lugar é Literacy partnering. Quando fomos lá, fomos super bem atendidos, e o professor do Nicolas é um cara muito simpático.
Mas mesmo assim, ele não queria que eu fosse embora, parecia criança, e eu precisando ir para a aula...
Ele ficou lá, sozinho e com ar de pobre coitado.
Mas depois me ligou feliz da vida, contando que deu tudo certo, que o inglês dele é ótimo perto do inglês de uns chineses.
E que ele fez um amigo cubano.
Eu mereço, né?


Tuesday, September 13, 2011

Dores

O joelho reclama
Atividade intensa
Cada músculo, articulação e osso se dobra ante o desejo de se mover
Improviso
Danço as vezes como se estivesse rezando
Cantando
Falando uma língua que eu não entendo
Os movimentos saem num átimo de segundo
Antes do pensamento
Instinto natural
Prazer emocional
As vezes dor física
Mas sempre uma necessidade
Nessa minha vida
De artista

Sunday, September 11, 2011

Resumão tipo drops.

Já mudamos.
Mas a correria nesta cidade não me deu um segundo off.
E o fato da casa nova não ter internet também não ajuda.
É quase impossível escrever aqui.
Mas não resisti e hoje vim até a universidade só para poder roubar a internet e atualizar o blog.
Em poucas palavras, em termos estranhos, eis um resumão da vida na gringolândia:

Não estou entendendo nada do meu curso.
Demorei um ano para me entender com os horários e ritmos da Tisch, no 1o ano de mestrado.
Agora tudo mudou.
Tenho só uma aula por dia de técnica.
(Mas ou eu to ficando velha, ou as aulas estão ficando impossíveis de difícil)
Eu tenho as aulas academicas de manhã.
das 11hs até 13hs.
Almoçar para quê?
E em seguida vem a mencionada aula da companhia.
Em seguida temos horários flutuantes, voadores.
Toda semana os horários de ensaios mudam.
Fico me perguntando se eles vão marcar ensaios da meia noite as 5, porque vou te falar.

Essa semana dei conta de usar as minhas janelas com horários livres para correr atrás de resolver a mudança.
Eu e o Nicolas já perdemos uns 3 ou 4 kg cada um.
Fomos buscar as coisas que eu larguei pela cidade (nas freiras, em um storage no Chelsea, no prédio da dança) e fomos levando aos poucos.

Depois de dormir no chão com os casacos enrolados como travesseiros, hoje finalmente conseguimos terminar tudo e agora temos móveis!!!

Neste meio tempo fiz uma audição na quarta-feira e foi relativamente tranquilo.
Fiz audição para elenco do Sydney Skybetter. Gostei dos movimentos e combinações. E fiquei com a nítida sensação de que eu seria selecionada como elenco dele. (Ou então do Sean Curan, como já disse num post anterior).

Vocês lembram que no semestre passado eu começei a ter ataques neuróticos-reflexivos-surtados relatados no blog, em relação à batelada de audições que fiz por ser parte da Second Avenue Dance Company?

Primeiro foi o Sean Curan (aqui), depois a chata da Kate Weare (aqui), e a última do semestre passado foi a Azsure Barton (aqui e aqui), meu absoluto sonho de consumo.

Bom. No dia seguinte à audição do Sydney saiu o resultado das audições.

E eu tenho que me dizer a todo instante para acreditar. Mas eu passeiexatamente no que eu mais queria, fui selecionada como elenco da Ms Azsure Barton.

Todo mundo do elenco é ultra. Dá para ver que eles selecionaram os melhores. E eu me pergunto o que eu to fazendo ali. (E não me venha dizer nenhum elogio nos comentários porque eu não quero!!!)

Eu to impressionada porque por mais que eu tivesse sonhado, eu nunca iria imaginar que eu ia ser selecionada para ela, pelo nível de dificuldade técnica do trabalho dela.

Como todo mundo sabe aqui, eu nunca fui número 1 em nada, além de esforço e trabalho.

E acho que finalmente minha persistência recompensou.

Estou muito feliz e ciente do trabalho que tenho a minha frente. É uma enorme responsabilidade ter sido selecionada como parte de um elenco estrelado, para uma coreógrafa mais estrelada ainda.
Vou dar o sangue todos os dias, e rezar para não me machucar porque o trabalho vai ser intenso.

É isso.

Quando eu conseguir colocar internet em casa, voltarei com post mais regulares.

Sds dos meus fantasminhas (que vou te falar... estão bem ruizinhos nos comentários...)

Bjokas

Monday, September 5, 2011

Brazilian Day

E hoje foi Brazilian Day em NY.
Nada como andar com a camisa amarela no peito;
Ouvir palavras na língua mãe;
Ver nossa cultura espalhada e tomando conta;
Assistir jogo do Corinthians (time do maridão) em pleno pub irlandês no meio da Little Brazil (46th street);
Só gostaria que muitos destes brasileiros aqui aprendessem a ter uma conduta melhor;
Saber mostrar o que é o nosso país.
Me desculpe, mas eu sou contra dizer que Brasil é samba, bunda, bagunça e carnaval.
Brasil não é show do Exaltasamba, do tal do Luan Santana.
Nem é caipirinha, regado à mulheres com (sem) roupas vulgares.

Quero gente que saiba ser mais educada,
menos sujeira,
menos trambique.

Gostaria que déssemos mais ênfase em como o brasileiro sabe ser caloroso;
ajuda sem pedir em troca;
sabe abraçar e beijar aquele que acabou de conhecer.
Sabe ser feliz nas adversidades;
e sabe continuar sorrindo e lutando sempre.

Isso sim é Brasil pra mim.

Bra(s)iL

Foto tirada pelo maridão Nicolas Pirata, enquanto eu esticava as perninhas, deitada no Central Park, com os pés em bolhas, depois de muita correria nos nossos dias de NY.

Sunday, September 4, 2011

Achar um apartamento em NY - uma odisséia em quatro dias

(Como estou devendo posts agora vem um em grande estilo: alerta de post ultra gigante!!!)

....

Estudar feito uma condenada;
Passar no vestibular;
Me formar na Unicamp;
Entrar no mestrado na NYU,
Morar sozinha num convento em NY por 1 ano;
Organizar um casamento, com pequeno orçamento, em dois meses;
Casar;

Tudo foi muito fácil.
Mas muito fácil mesmo...
Principalmente se comparado à missão impossível que foi alugar meu primeiro apartamento em NY.

...

Chegamos bem.
Eu e o Nicolas fizemos um vôo com escala em Houston, totalizando 15 horas, passamos por um oficial da embaixada inicialmente mau-humorado, e que depois fez graça com o Nicolas, e então chegamos no aeroporto La Guardia em NY, nesta última terça.
Viemos direto para a casa de uma amiga minha americana, que gentilmente ofereceu para ficarmos na casa dela enquanto precisássemos e estivéssemos procurando apartamento.
Do momento que chegamos em NY nós começamos a ligar para os anúncios de aluguel que havíamos nos interessado, vistos pelo craigslist.
(O craigslist é a bíblia de alguém procurando casa em NY.)
Isso porque esta cidade lunática tem um sistema de aluguel rápido como em nenhum outro lugar do mundo.
É a lei de quem chega primeiro, de quem oferece mais dinheiro, de quem dá sorte.
Se é que existe tal coisa como a sorte.

Como eu sabia que apartamento em NY era algo que só se fecha na hora, sequer adiantava muitas pesquisas antes de vir para cá.
Quando eu tentava entrar em contato com um corretor via e-mail e mencionava que eu era brasileira, estudante e estava no Brasil, as pessoas sequer me retornavam.

Mas e o meu desespero e do Nicolas ao descobrirmos que a reação destes corretores conosco aqui também não era muito diferente?

Parece que o peso do mundo vem às costas.

O Nicolas passava o dia fuçando na craigslist, e em sites de imobiliárias. E eu grudava no telefone, ligando e esperando as pessoas me retornarem, tentando desesperadamente agendar para ver uma casa que fosse, para me sentir pelo menos perto de achar um local para morar.

Imagine-se chegando num outro país e tendo que ligar com uma burocracia que você não conhece, não entende.

Era ter que conseguir algo ou ir morar debaixo da ponte.

O primeiro dia

No dia que chegamos fizemos algumas ligações.
Nada.
Ninguém ajuda.
A menos que nós conseguíssemos arrumar um americano que se responsabilizasse por nosso aluguel um guarantor (tipo fiador) ou pagássemos um ano adiantado (teríamos que vender os dois rins e a alma e nem assim daria) nenhum corretor conversava com a gente.
Neste dia fiquei sabendo de uma amiga que estava vendendo todos os móveis dela e entrei em contato perguntando.
Não é que a menina me ligou?
Eu e o Nicolas, após uma viagem internacional, e estando há mais de 36 hs acordados, marcamos de ir na casa dessa menina (por volta das 23:30) e ver os móveis dela.
Ficamos lá até 1:30 da manhã.
E adquirimos cama, sofá, mesa, cadeiras, itens de cozinha, tudo por uma bagatela.

Mas mesmo assim ainda não havia apartamento para levar estas coisas...

O segundo dia

Acordamos cedíssimo, pois parte do trato era que ajudássemos o pessoal da mudança já que não tínhamos para onde levar os nossos novos móveis. E então esta amiga (e outras pessoas) levariam nossas novas coisas para um storage (armazém).
Não vou contar tudo em detalhes, mas vamos dizer que toda esta história envolveu alguns vários estresses e muito carregamento de peso.
E o Nicolas aprendeu que aqui nada é de graça, uma pessoa não dá a mão para ajudar. É muito raro. Tudo se cobra. Nós dois tivemos que levantar móveis pesados enquanto as pessoas que ajudamos viraram as costas e saíram andando.

Depois dessa farofa eu e o Nicolas fomos numa corretora.
E lá, mais uma vez, ouvimos um não.
Ligávamos e ouvíamos não.
Simplesmente procurava apartamentos feito uma maluca, mas ninguém nos permitia ver nada.
O sistema conspira contra um aluno internacional. É uma missão quase impossível achar alguém que converse conosco.

Em um ato de desespero, abandonamos a nossa ideia e sonho de permanecer morando em Manhattan e resolvemos pegar um metrô para o Brooklyn.
Lá achamos algumas corretoras, e conseguimos falar com uma mulher que parecia mais disposta a nos ajudar.
Mas o Nicolas odiou a imobiliaria. Saiu com a impressão que eles não iam nos ajudar, e só queriam empurrar a primeira coisa que fosse só para eles venderem.
Andamos pela região linda de Williamsburg (ainda no Brooklyin), e ficamos sonhando em morar ali.
Mas todo corretor nos desistimulava e dizia que era impossível achar algo lá pelo preço que podíamos pagar.

Voltamos para a casa da minha amiga derrotados.
Eu não conseguia sorrir.
E eu não via nenhuma perpectiva alegre à nossa frente.
Parecia impossível.
Por poucas vezes me senti tão triste e deprimida.
Quando foi de madrugada recebemos a notícia que tínhamos conseguido uma pessoa disposta a ser nosso fiador (guarantor).

O terceiro dia

Acordamos.
O Nicolas, luz da minha vida, levantou e me disse, to sentindo que é hoje que a gente vai encontrar nosso apartamento.
Mais uma vez levantamos às 7hs e saímos de casa cedo. ligando para os lugares que haviam nos dito não e explicando que agora tínhamos guarantor e queríamos ver opções de apartamento.
E não é que em todo lugar que ligávamos agora nos diziam: o apartamento que vc está procurando já foi alugado, não tenho nada na sua faixa de preço, não posso te ajudar.
Acredito que devo ter ouvido isto de pelo menos umas dez pessoas/empresas diferentes.
Lá para a tarde conseguimos falar com a mulher que havia sido um pouco mais solicita no dia anterior.
E então finalmente, lá fomos nós ver o primeiro local que nos deixaram ver...
Chegamos lá na região do apartamento e mais uma vez o alarme de perigo embutido no meu marido ligou. Ele torceu o nariz no instante que saímos do metrô e começamos a andar até o apatamento que íamos ver.
O apartamento que a mulher nos mostrou tinha 3 quartos, e o preço era muito mais baixo do que todos os outros lugares que tentamos pedir para ver. Estava aí já um sinal ruim.
mas eu estava desesperada.
Eu achei que nós íamos morar debaixo da ponte, que não havia mais nada possível para a gente.
Eu ia fechar ali mesmo...

Mas graças a Deus meu marido bateu o pé.
Falou para nós procurarmos ver pelo menos mais um lugar e aí tomarmos uma decisão.

Saímos do Brooklyn e voltamos para Manhattan para podermos acessar internet e vasculhar no craigslist mais uma vez.

Lembro que saí do metrô, coloquei meus óculos escuros e as lágrimas iam caindo enquanto eu andava ao lado do Nicolas, apertando a mão dele bem forte e rezando tudo que eu sei rezar. Eu teria andado a esmo se não fosse o Nicolas do meu lado dizendo que nós íamos encontrar.
O dia estava lindo, de sol, pessoas felizes na rua, e eu não conseguia ver nada, tamanho o pânico que assolava o peito.

Tenho vergonha de mim mesma. Parece que só quando eu passo por uma situação muito difícil é que consigo rezar de verdade. Deveria saber ser agradecida todos os dias, e não só naqueles dias de desespero.

Chegamos na NYU (para pegar a internet do prédio) e ficamos sentados (mais uma vez) na escadaria, fazendo o nosso serviço de sempre. procurando, ligando, pedindo e esperando.

mas parecia já ser diferente. Outros apartamentos tinham aparecido na lista. coisas novas.
Ligamos para um, outro, nada.

Então ligamos para um anúncio que gostamos e finalmente o cara atendeu. E topou nos encontrar em 45 minutos, na frente do apartamento, para nos mostrar.

Saímos literalmente correndo para o metrô.

No caminho eu e o Nicolas nos olhávamos e ele me dizia: "Acho que é esse nosso apartamento,vais ser esse".

Encontramos o simpático broker Michael, gostamos dele na hora.

A região do apartamento é o Upper East Side, em Manhattan, uma das minhas primeiras opções.

Pisamos no apartamento, pequenininho, lindo, fofo. E soubemos que ele tinha que ser nosso.

Na hora fechamos com o broker. Mas o negócio ainda não estava fechado, teríamos que ser aprovados pelo landlord (o proprietário). Mas isso ficaria apenas para o dia seguinte.

Parecia que o mundo voltou a ser colorido. No resto do dia sentamos pela primeira vez em um banco em NY. Saímos da nossa futura casa e fomos em direção ao Central Park (Isso! Continuarei morando do lado do meu amado Central Park).

O coração desacelerou um pouco.

O quarto dia

Acordei e me lembrei que passei a noite sonhando que mobiliava e decorava o apartamento que tínhamos visto com os móveis que tínhamos comprado.
Aordei um pouco nervosa, com medo deassinar a papelada, sem ter muita noção do que ia fazer.
Nunca tinha alugado um apartamento nem no Brasil, qunto mais em NY!!!

Mas tudo deu certo.
Consegui mandar as papeladas, encontrar o corretor no escritório, assinar tudo. E fui conhecer o landlord no meu novo ap.

Nesse meio caminho descobri que o corretor que fez as transações, além de tudo vai ser nsso vizinho de cima! O Michael, um corretor de uma firma super bacana não moraria naqele prédio a menos que ele valesse a pena, né?

E o nosso landlord, natural da Rep. Tcheca, que já visitou o Brasil, foi super solicito.
E nos entregou as chaves do nosso apartamento naquele dia mesmo.

O único problema foi que não pudemos nos mudar imadiatamente. O ap está pintando e só na quarta-feira vamos poder nos mudar.

E assim nossa odisséia de alugar um ap em NY acabou com final feliz.

E eu finalmente voltei a ter tempo para respirar e hoje pude escrever um pouquinho...




ShareThis