Thursday, March 31, 2011

Audição

To de volta à correria.
Trabalhos.
Coreografias pipocam pelo meu cérebro.
A Mary Wigman me persegue. Ou não.
Meu tornozelo não dói mais.
Hoje tive aula com um bailarino da Compania Nazionale de Danza (da Espanha) e quase morri.
E rezem para mim.
Amanhã tenho audição.
Voltei para a vida dureza.

A Companhia que eu vou fazer parte ano que vem apresenta trabalhos originais de quatro coreógrafos.
E todo mundo presta audição, e estes coreógrafos escolhem quem eles querem, ou não.

Amanhã é a audição do Sean Curran, que foi aluno da Tisch há uns milhares de anos atrás e agora ele tem uma companhia de dança bem estabelecida.

Enfim.
Não estou muito nervosa nem nada.
Este curso tem me preparado bem.
Só quero ficar tranquila e fazer meu trabalho direitinho.




Quanto ao Sean Curran: eu fiz uma aula de composição com ele e achei ele um cara fofo e engraçado para caramba. E ele trabalha com as criações dos próprios bailarinos.
Mas o estilo de dança do vídeo abaixo não me atrai em particular. E parece que ele quer parte das meninas na ponta, o que também não me anima muito.

Mas que eu seja escolhida para o que for o melhor para mim, né?

(Vou colocar mais informações sobre os outros coreógrafos aos pouquinhos... e vocês vão ver quem é, o que ja fez, e o tipo de trabalho do coreógrafo que eu mais quero... não custa sonhar!)

Tuesday, March 29, 2011

Drops do passarinho verde

To falando que eu não estou louca.
Acordei hoje cedo e quando andei pela rua no quarteirão acima da minha casa, indo para a NYU, a rua estava toda interditada e cheia de trailler e maquinarias de filmagem.
E na porta de cada trailler tinha o primeiro nome de um ator.
O povo ainda não tinha chegado, mas a técnica estava lá.
Então será que eu imaginei mesmo o Spielberg?
Pois tem uma big filmagem rolando aqui do lado, seja de quem for.
Pena que eu passo o dia inteiro fora e não vai dar para espiar...

....

Eu sei que ninguém tem nada com isso.
Mas sabe aqueles dias que parece que você viu um passarinho verde?
Hoje eu estive assim, exageradamente falante e feliz.
Amém.
Passei o dia roubando comida alheia. Pidona.
E comprei um queijo chamado muenster cheese.
Sugestivo.
Mergulhei no queijo.
To meio em falta de proteínas....

...

E por falar em proteínas, as freiras não são legais.
Elas deveriam ser vegetarianas.
Ou pelo menos respeitar meu parcial vegetarianismo.
Mas não.
Elas agora deram uma de colocar frango para mim.
E a minha louca vontade por proteínas não ajuda.
Três frangos morreram por minha culpa.

....

E eu continuo podre de cansaço. Mas as minhas aulas são tão absurdamente excelentes que às vezes eu me dou conta de quão surreal é essa minha vida por aqui.

As vezes a aula de balé está rolando, todo mundo de frente para o espelho fazendo pequenos saltos, o pianista improvisando música pop em versão balé, e eu penso: não acredito que estou aqui tendo aula com essa solista do ABT.
Consegui.
Dá para morrer feliz já.
Mas nada de morrer agora porque eu tenho muito o que fazer antes de partir dessa para um lugar melhor.
(Ih gente, não vai freak out porque eu fiz esse comentário).

...

E hoje recebi as minhas avaliações que os professores fazem a cada metade de semestre.
A minha professora de Composição e Improvisação me escreveu coisas que eu não acreditei.
Ela é um terror, só acaba com todo mundo.
Mas eu amo ela.
E ela começou minha avaliação dizendo o que achou do meu progresso.
Excelente.
Quase cai dura.
E fez uma avaliação da coreografia que eu montei para o MFA concert e escreveu um pouco sobre o desenrolar do "meu estilo".
Acho que vou até colocar uma moldura no papel...

....

Ahhh
E mais importante de tudo:
Me acabei de chorar com a homenagem que meus queridos amigos aprontaram, principalmente a Alana, com uma grande ajuda da Shandinha.
Elas imprimiram uma foto minha e levaram para tudo quanto é que é canto e tiravam fotos comigo.
Parece que eu virei até motivo de piada.
Na formatura da Alana... "A Carol tá caindo, (porque minha foto caia) ela bebeu demais."
Vou te contar.

....

Nada como pessoas maravilhosas na nossa vida não?
Me fazem chorar de alegria.
Sorrir.
E rir mesmo à distância.

To com saudades.
Mas aquela saudade boa.
E hoje estou me sentindo pertinho de todo o mundo.






Sunday, March 27, 2011

Drops dos Famosos

Todo mundo me pergunta se eu encontro muitos famosos por aqui.

Na verdade.. não. Fala sério esta cidade é enorme, eu não frequento muitos lugares além do meu prédio da dança, então fica difícil.

O único que eu vi com certeza foi o Clint Eastwood enquanto eu estava andando perto do Lincoln Center e ele estava entrando lá para alguma premiere. Só vi que era ele porque tinha um bando de groopies gritando Clint!!! Clint!!!...

Mas na sexta- feira passada eu estava voltando para casa no metrô, quando vi um cara que era igual ao Bruce Willis. Mas não podia ser. Ele estava com um bando de caras com roupa de típico homem-americano-que-trabalha-em-fábricas, e sai de vez em quando para tomar umas.
Acho que não era ele.

E nesta mesma sexta, quando eu estava chegando em casa a noite, podre de cansada, eu me deparo na 9a avenida com um daqueles holofotes gigantes, que eles colocam sempre que está tendo alguma filmagem a noite. Mas não vi ninguém por lá.

Continuei andando e cheguei no quarteirão da minha casa. E aí eu cruzo com um cara que ou ele era o Steven Spielberg, ou ele era uma cópia. E do lado dele, tinha um homem grandalhão com cara de segurança à paisana. Será que era o Spielberg? Mas ele não deveria estar em Hollywood? E o que diabo ele estaria fazendo no meu quarteirão sem graça?

Será que estou viajando na batatinha?

Não vai ser a primeira vez.

E qual é esta comigo? Bem que eu podia ver o Johnny Depp pela rua, ou o Brad Pitt. Mas só encontro diretor de cinema.

E agora para quem entende de dança: minha amiga brazuca Jackie dança na Steps, e ela estava me contando do fora que ela deu...

Ela conheceu essa bailarina linda, com o pé mais bonito que ela já viu e que faz aula com ela. Aí a Jackie estava conversando com ela e disse pra ela que ela é linda, que ela tinha que dançar no American Ballet Theatre, etc. A bailarina só começou a rir e não disse nada.

Depois de umas semanas ela descobriu que a bailarina que faz aula com ela todo dia é a Alessandra Ferri. Solista há anos do ABT...





Ontem

Ontem tive um dia ruim.
Esgotamento. Completo.
Então para tentar me alegrar eu fui procurar coisas divertidas e achei este curta da Pixar que eu nunca tinha visto.
Podemos dizer que eu me identifiquei sobremaneira com a garotinha (no final do curta)...

Friday, March 25, 2011

Fechada para balanço.

Hoje é sexta.
Sobrevivi.
Como sempre.
Nada como roommates.
A vida é muito mais animada
Tomando vinho.
(No convento)
E fechada para balanço.

E ninguém me julgue, porque hoje eu mereço:

Dancei na praça de vestido, num frio de -2 graus
Foi lindo.
A coreografia era super simples.
Mas enquanto a gente dançava, entre a fonte e o grande arco,
Taxis amarelos passavam lá atrás.
Eu levantava os olhos para o céu azul,
Um jogger mal educado invadia nosso espaço.
E uma lágrima de uma senhorinha caia.

E me voluntariei para ajudar no soiree da Cherylyn Lavagnino Dance Company no Chelsea Galery of Art.
Andei 20 blocos de bota com salto agulha, com o meu tornozelo recém torcido.
Burra, eu sei.
E servi vinho durante 3 hs para toda a alta roda da cena de balé contemporâneo.
Ótimo que eu conhecia 50% do público já.
Linda apresentação da companhia da Cherylyn.

Falei que eu mereço um desconto né.
E até mais ver.
Porque amanhã eu acordo as 7:30 e começo com meus ensaios de sábado às 10hs.
E acho que hoje eu ainda estou no clima para assistir "Como treinar o seu Dragão" antes de dormir, pela décima vez.

Au revoir.

Thursday, March 24, 2011

Triangle Shirtwaist Factory fire

Esqueci de contar.

Faz meses que sei disso, mas simplesmente esqueci.

Uma das minhas colegas de turma - a Suzanne Beahrs - convidou eu e mais duas meninas, para dançar em um evento fora da NYU. E a apresentação é amanhã. Eu, meu tornozelo verde em recuperação, um vestido preto, vamos dançar no Washington Square Park, com a temperatura esperada de 6 graus.

É um evento em homenagem aos 100 anos de um incêndio em uma fábrica (que é agora um prédio da NYU), que matou 146 trabalhadores, a maioria mulheres entre 16 e 23 anos. Elas ou morreram queimadas, ou pularam do prédio em desespero pois os donos da fábrica fecharam os portões quando começou o incêndio para que ninguém roubasse nada. Foi este um dos eventos que levou à mudança e melhoria das leis trabalhistas nos Estados Unidos.

A coreografia foi inspirada pela idéia destas mulheres que tinham tanto sonhos, e naquele momento lutaram por suas vidas até o último segundo. Tem uma grande documentação sobre este evento, e contam que de um lado algumas mulheres foram pisoteadas por outras. Mas por sua vez, algumas destas mulheres pularam do prédio de mãos dadas, na esperança de se livrar do fogo de alguma forma, e ainda no seu último momento queriam estar em companhia de um outro alguém.

Engraçado a natureza humana. Enquanto este país que eu estou se mobiliza de todos os lados para arrecadar e mandar ajuda para o Japão, ele outro dia resolveu começar a jogar bomba por aí.

Como disse meu professor de música, faltam mais mulheres nas posições de comando. Não que elas sejam melhores. Pois afinal somos todos ainda imperfeitamente humanos. Mas em geral as mulheres tem mais facilidade em se identificar e se colocar no lugar do outro.

Enfim. Tudo isso para dizer que vou dançar no parque amanhã.
Como eu sou complicada, não?



Hoje fui na colação de grau da Alana.

Hoje é o primeiro dia das comemorações de formatura da minha leitora número 1, minha melhor amiga, minha irmã do coração. Alana.

E apesar do meu desejo gigantesco de poder me teletransportar para o Brasil, eu ainda não aprendi a me materializar e desmaterializar.
O corpo não. Mas a minha mente vai aonde eu quero:

E hoje passei o dia inteiro junto com a minha melhor amiga, e chorei quando vi ela de beca.
Deixei ela mais com a família, porque afinal hoje teve uma multidão de pessoas atras dela, todo mundo querendo paparicar, todo mundo orgulhoso de tudo que ela conquistou, como sempre.
Exemplo de conduta e trabalho.

É que as pessoas especiais são assim. São como pontos de luz, pólos irradiadores.

Minha melhor amiga acha que ela está hoje virando bacharel em direito (apesar dela já ser, e hoje ser simbólico...) Mas na verdade ela está virando alguém com mais responsabilidades, e com mais possibilidades de mudar isso tudo.

Num mundo onde há ainda tanto sofrimento, tanta injustiça, é um ganho ter um coração como o da Alana numa posição de responsabilidade.

E é assim que eu vejo o futuro.

E pensar que a doidinha sempre quis ser juíza...

Tínhamos seis anos, e já mantínhamos todas as conversas filosóficas que temos hoje. E lá atrás, eu dizia para ela: eu vou ser bailarina. E ela dizia para mim: eu vou ser juíza.

Que criança de seis anos de idade quer ser juíza? Quem quer fazer direito? Nesta idade as crianças querem ser astronautas, domadores de leão, artistas... Só a Alana mesmo.

Mas, Xu, você foge do padrão. Não tem nada do que as pessoas esperam de alguém que fez direito. Você é uma artista, poeta colorida. Você pinta o mundo.

Obrigada mm por ser exatamente assim: você.
Luv u.

Tuesday, March 22, 2011

Máfia Chinesa

Vocês sabem que brasileiro é que nem Gremlin, né? Joga água e brota mais uns 6 por aqui.
Faz 1 mes que mudou mais uma brasileira para o convento. Agora o negócio está até animado demais. Vamos chamar a nova brazuca de codinome J*. Pois ela não quer ser identificada, já que eu menicionei que eu iria escrever sobre a nossa ida à Chinatown de qualquer jeito...

Na última semana comentei com ela que eu queria passear em Chinatown e então J* teimou que queria ir comigo. Eu sou do tipo solitária. Adoro passear no meu ritmo. Ando rápido e de repente paro e fico olhando um ângulo durante horas. Enfim, tenho meu próprio ritmo. Mas achei bom ter companhia para variar.

Mas chegando em Chinatown o nosso ritmo não deu tão certo.
Que nem polos magnéticos, que são atraídos por diferentes coisas, sabe?
E eu consegui entrar em algumas lojas onde eu tirei as fotos que eu postei abaixo, mas quando estavamos quase chegando na divisa little italy com Chinatown, a J* me vira sorrateiramente para um Chinês e pede para eu esperar.

Ela queria uma Louis Vuitton de qualquer jeito. E então o chinês me arruma um walkie talkie sabe lá deus da onde e aponta para a gente seguir ele.

Ai meu Deus.

Eu sou a pessoa mais quadrada que existe. Ilegal não faz parte do meu vocabulário. E a menina me enfia nessa enrascada.
Só sei que o chinês andava para cima e para baixo, virava em ruinhas. E eu me sentindo como se estivesse comprando drogas. Isso tudo porque eu não ia deixar a cabeçudinha sozinha, né?

E aí o cara passou a gente para outra chinesa, toda vestida de preto, óculos escuro, fone de walkie talkie. Era a própria Máfia Chinesa! E aí ela distribuiu um panfletinho com as fotos das bolsas. A J* escolheu uma, apontou, e ficamos esperando. Aí a mulher levou a gente mais para dentro do bairro, para perto de uma enorme van (e eu pensei cá com meus botões: - pronto, agora a máfia chinesa vai sequestrar duas brasileiras na tentativa de ganhar algum dinheiro em troca das reféns.)

To brincando. Não era tão assustador, porque mesmo nas ruazinhas, o bairro era lotado, e tinha mais um monte de mulher turista esperando por suas bolsas.

Mas mesmo assim. Sou mais minha bolsa da feira hippie de campinas do que uma Luis Vitton, verdadeira ou falsa. Verdadeira não me interessa, porque custa 100o dólares. É o preço de uma passagem para o Brasil. E, para mim, é um ridículo gasto de dinheiro que mostra que vc prefere um status do que investir em algo útil. E uma falsa, porque é falsa, ué. E é um crime. E nem é tão barato assim. Tipo... 150 dólares.

Enfim, então a *J perdeu a tarde dela, fazendo os chineses irem e virem trazendo diferentes bolsas (que vinham sempre de lugares diferentes, embaladas em sacos pretos), e como resultado um deles passou a perna nela.

...

Nesse meio tempo, eu e minha grande paciência ficamos explorando os arredores.

Eu achei a intersecção de chinatown com little Italy, o que é demais. Em pleno bairro chinês, uma rua cheia de cantinas italianas badaladíssimas. Todo mundo na rua. E sorvete italiano.
(Vale lembrar que este foi o dia que fez 21 graus, e que eu não acreditei quando eu tive que tirar meu casaco e continuei passando calor com uma blusa fininha).

Também achei um monte de lojinha de peixe, com cara de mercearia sem vergonha. Fui lá olhar os peixes, futricar, ver as cores, o cheiro (de peixe...), que coisas diferentes tinham.



Estava eu observando os preços (absurdamente baratos para padrões de NY) quando eu olho para um balde que estava logo abaixo de mim.
E me deparo com sapos. Enormes. Tão bonitinhos.
E continuei olhando.
(...)
Aí um deles se mexeu.
(?)
E aí vários começaram a se mexer.
Opa.
Sapo gigante vivo para o jantar. Estão servidos?



Que dó.
Fiquei com uma pena dos bichinhos.
Eu sou uma vegetariana meio sem vergonha, pois eu como peixe.
(Que por sinal, também tinha peixe vivo se debatendo nas banquinhas.)
Mas dá uma raiva da humanidade ao ver estes bichinhos sofrendo.
Eu acho que a gente deveria viver é de luz.
Fotossíntese é o caminho.

....

Mas o passeio no final das contas foi bom.
Vi mais um lado desta minha cidade favorita.
Me senti mais estrangeira ainda.
E me senti um pouco em outro tempo.



Sunday, March 20, 2011

Um bom dia. Uma boa noite.

Bom dia.
Acorda de manhã, pálpebras pesadas. O corpo se arrasta.
Corre e pega o café da manhã na prorrogação do segundo tempo.
Volta e enrola enquanto escreve no blog, se arruma.
Vai andar no Central Park sozinha, do jeito que gosta.
Curte o tempo, passa minutos olhando fixamente por entres os espaços da árvore com flores amarelas.
Vê a nuvem que gosta em contraste ao azul do céu.
Anda.
Sente uma leve dor no tornozelo esquerdo.
Ainda não está curado, mas o trabalho mental tem operado maravilhas.
Descobre detalhes que nunca viu.
Sente prazer e felicidade na tranquilidade desta solidão.
Mas o parque tem uma multidão.
Passa pelos músicos de rua que voltaram para a ruas.
Escolhe uma pedra alta, nem tão perto dos turistas barulhentos, nem tão longe do soar do saxofone.
Se estende feito uma lagartixa no alto da pedra, encaixa os pés em um vão.
Abre mais um livro da Mary Wigman e recomeça o mergulho na mente de outro ser humano.
Não sabe se julga as más atitudes da Wigman, ou se se identifica com a Mary.
O frio está em volta, mas os raios de sol batendo na testa dão para o gasto.
O acaso brinca, e então ela encontra quem estava procurando.
Corre por entre as ruas cheias.
Come comida japonesa, agora para comemorar o fim das mini-férias.
Que se dane o não dinheiro.
Anda mais.
Volta para o calor da casa.
Escreve mais, vê fotos. Pensa.
Vai para o Guggenheim. Precisa de inspiração.
Hoje é dia de entrada sugerida.
Com um sorriso amarelo anuncia que tem 25 centavos para comprar o ingresso.
A moça não julga.
Kandinsky, Cesanne, Picasso, Toulosse-lautrec, Modigliani.
Até Schoenberg teve vez na história.
É tão pequena, mas se sente tão disposta.
Volta pela última vez para casa.
Mas na preguiça de andar até o metrô resolve voltar andando.
Uma caminhada de 1 hora.
O tempo esfria. Se ontem fez 23 graus, é passado.
Hoje faz 5. E amanhã volta a nevar.
A amiga de passo rápido corre, e ela tem que a acompanhar.
Agora ela está com o joelho e o tornozelo reclamando.
Se arrasta em alta velocidade.
Welcome home.
Aquecimento.
Crab Cupnoodles e donuts.
Escreve mais.
Boa noite.

Saturday, March 19, 2011

Drops visuais de Chinatown

Sempre fui obcecada por padrões.
Adoro repetição e cores.
Chinatown.
Puro prazer estético.









Friday, March 18, 2011

CC&D

Coreographers, Composer and Designer é uma disciplina eletiva do meu curso. E sem dúvida nenhuma, foi o programa desta aula uma das coisas que mais me motivou a querer fazer NYU.
No primeiro semestre, foi muito duro, porque como a professora é ligada ao teatro, ela pediu muitos exercícios ligados à palavra. Dançar e falar. Eu quase morria em cada um destes, mas dei conta e não desisti da disciplina.
E minha determinação foi compensada.
Quem sobrevive ao primeiro semestre tem a oportunidade de ser dividido em pequenos grupos (duplas ou trios) de coreógrafos, e então estes coreógrafos começam a decidir o que querem fazer.
E o grande diferencial é que nós então nos associamos com designers (set, ilumicação e figurino) e músicos também alunos da TIsch. E há um budget para custear set e figurinos.




Eu, Lauren e Shuhan começamos então a conversar sobre referências, inpiração, o que gostaríamos de fazer juntas. Depois de muito conversar chegamos na idéia de trabalhar o acaso, com um enfoque saindo do humano (o real) e indo para o fantástico (o exagero do real). Pensando em encontros e desencontros, possibilidades que se perdem, etc.
Achamos um texto de uma peça de teatro chamada "Sure thing" onde um casal sentado no bar começa a conversar. Mas sempre que a conversa vai para um rumo estranho e o casal vai perder a possibilidade de ficar junto toca um sino, e a conversa muda de rumo ligeiramente, de forma que o assunto ande mais um pouquinho. Até que no fim tudo se resolve e o casal sai do bar feliz e apaixonado.
Nós não vamos fazer esta peça, nem usar o texto, nem nada. Mas foi a primeira referência dada aos designers como inspiração para este projeto.
Mas além disso, assim como na obra das escadas do M.C. Escher, gostaríamos de também criar ema sensação de realidade distorcida, indo para o surreal.
Como inspiração de filmes e de musica, tivemos Amelie Poulin e Micmacs. Ou seja, gostaríamos de trazer um pouco deste universo Paris burlesco ao nosso trabalho.
Um outro filme que veio a tona com toda esta discussão sobre acaso foi corra Lola corra, pois o que acontece se eu tomar a decisão de ir para a direita, ao invés de ir para a esquerda? Vou ser atropelada por um táxi? Vou cair num buraco? Vou encontrar o amor da minha vida? (Bom, eu pessoalmente já encontrei. Então esta não é uma questão válida para mim.)
Enfim. Com todo este discurso pronto nós começamos a desvendar o que iríamos fazer em termos de figurino, cenário, iluminação e música.






Nosso figurinista é o máximo, o Mark.
Foi ele que trouxe a referência destas pinturas do Juarez Machado (sim, um artista brasileiro!) que agregaram muitas coisas para nossa inspiração de movimentos.
Como vocês podem ver acima, as obras são retratos de pessoas, e elas exalam dança de cada centímetro.

....

Abaixo algumas fotos da nossa seleção final para figurino, iluminação e cenário.








Percebam que estes samples de iluminação foram feitos em cima de uma réplica do nosso teatro, junto às peças em miniatura do cenário. Está réplica tem em torno de 30 a 40 cm.
E também tem a miniatura dos nossos seis bailarinos (maravilhosos), e cada um deles com seu figurino.


Sou só eu que acho isso o máximo?
E eis que a nossa designer de set passou as férias de primavera construindo as peças em tamanho real e nos mandou fotos por e-mail:


Mal posso esperar para começar a coreografar com o cenário. Quer dizer, não sei como vai ser a logística, porque eles não cabem nas salas de aula, mas alguma coisa vamos ter para ensaiar.
E a Maite (a designer) conseguiu atender meus apelos de que os objetos fossem escaláveis...
Ah... E neste espaço vazio aí do meio onde tem um moço se pendurando vai ter uma porta giratória espelhada...

....

Além de tudo isto, nós temos os professores-diretores de cada área que passam nos orientando e questionando durante cada reunião de produção.
E o pessoal do design e da música precisa vir com certa frequência aos nossos ensaios para entenderem e irem adaptando seu trabalho conforme a coreografia se desenvolve.

Também tivemos que fazer uma apresentação do nosso projeto para os outros grupos e para alguns convidados. Isso imitou a experiência que um coreógrafo e equipe passa ao vender seu trabalho para um teatro ou patrocinadores, antes mesmo dele ter a mínima idéia prática do que será feito.


Vai dizer?
Eu amo meu trabalho.

Spring awakening



Todo mundo quer vir para NY no inverno, mas sinceramente... o inverno é a pior estação para se aproveitar esta cidade.
Acho que toda a minha tristeza está ligada ao frio que não acaba nunca.
Hoje fez um calorzinho de 15 graus e já foi o suficiente para encher esta cidade de vida.
Hoje também foi o St. Patrick's day então para todo lado tinha gente vestido de verde. Todos os bares parecem ter virado pubs e me deu uma vontade danada de ir tomar guinness.



Nada como o despertar da primavera.
Os bares e restaurantes colocam cadeiras para fora.
A grama tá nascendo nos parques pela cidade.
Dá para sair só com meia-calça e um casaco mediano.
Dá para usar roupa florida e óculos escuro.
Dá para sentir calor.
E quando olho para o céu dá mais esperança.




Amanhã vai fazer 20 graus.
Mas depois vai voltar a esfriar e chover.
Vamos ver se eu consigo manter o calor.
Acho que sim.

Thursday, March 17, 2011

Bibliotecas



Estou fazendo esta pesquisa para a minha aula de Graduate Seminar onde eu tenho que achar informações sobre uma lost dance e descrevê-la, baseada nas minhas pesquisas.
Decidi por pesquisar trabalhos do início da carreira de Mary Wigman com o intuito de conhecer mais as raízes alemãs da dança moderna. Afinal, morando aqui, eu estou em contato já com as raízes americanas.
Mas o nome lost dance já diz tudo: uma dança perdida, sem registros.
Ou seja, Mary Wigman venha em mim e me dê inspiração para poder descrever sua pastoral do ciclo de dança "The Road".

Acreditam que eu ainda não tinha me aventurado nas bibliotecas até outro dia?
Por favor não pensem mal de mim. Sempre fui estudiosa e gosto de ler até demais. Só que eu simplesmente não tive tempo de ler nada, e nem havia propósito em me aventurar nas bibliotecas imensas deste país. Eu, sinceramente, estava com vergonha de entrar naqueles prédios enormes e ficar parecendo uma perdida.

Mas agora não tive escapatória. Primeiro fui enfrentar a biblioteca da NYU.
Esperneei, me estressei e arranquei os cabelos antes de ir lá, porque não estava entendendo nada na frente do computador. Como achar o número do livro e aonde o livro estaria?
Muito drama (meu) depois, eu fui até a biblioteca que fica em um prédio de 10 andares, com todos os andares de vidro e com um grande espaço vazio no meio, de forma que de todos os andares você enxerga o que tem abaixo e acima, além do chão do saguão do térreo.

Demorei 30 minutos para achar e sair com todos os 5 livros que tinha pesquisado.
E quando passei para retirar os livros eu quase cai dura quando a mulher me disse que eu só tenho que devolver os livros lá para o dia 5 de Julho, e que eu tenho direito a retirar o total de 400 livros. (!!!???)

Sabe todos aqueles livros que a Cássia Navas (minha professora de história da dança da Unicamp) tinha e eu morria de vontade de ter nas mãos? Lá tem todos e muitos mais.
E eu tenho acesso ilimitado a isto e tempo zero para gastar lendo.
Não se pode ter tudo.

Enfim. Estou aproveitando minhas férias de uma semana para tentar adiantar este trabalho.
E quem disse que eu acho alguma coisa da %&&ˆ$# da dança desaparecida?
Então lá fui eu me aventurar pela New York Public Library (NYPL).

A NYPL tem diversos prédios espalhados por toda a cidade. A Jerome Robbins Dance Division é o maior acervo de dança que existe e fica no prédio localizado no Lincoln Center.
Aqui do lado da minha casa.
Eu simplesmente fui dar uma volta, passeei ali para respirar os ares do Lincoln Center, Julliard, New York City Ballet, etc. e criei coragem de tentar fazer pesquisa naquele prédio gigantesco.

Demorei até ter coragem para ir, porque eu fiz um cartão de biblioteca lá há uns 3 meses e eu perdi. E eu não estava preparada mentalmente para ter que gastar mais nessa minha vida. Mas quando a mulher me cobrou 1 dólar por um cartão novo eu quase dei um beijo nela. Afinal, eu só tinha 4 dólares no bolso e nenhuma esperança de poder pagar algo caro.

Começei a fuçar pela biblioteca e criei coragem para atormentar de perguntas o povo que trabalha lá. Consegui autorização para assistir um registro em película datado de 1929 de coreografias da Mary Wigman.

E descobri que eu posso pegar DVDs emprestados. De graça.
Ha.
É o fim do meu sofrimento por falta de filmes.
Aluguei Ghandi para começar em grande estilo. E para chorar bastante.
Hoje volto lá, com meu caderninho, para assistir o filme (MW) e mais algumas outras raridades, em busca das coreografias perdidas da Sra Mary Wigman.



Tuesday, March 15, 2011

Toula

Eu resisti em escrever sobre meu casamento aqui porque este blog é público e por mais doidinha que eu seja eu tento manter uma certa privacidade.

Mas não estou resistindo.

Vou casar.
Quando, eu sei.
Como e onde - até Deus está em dúvida.

E então eu resolvi abandonar todos meus instintos controladores e bridezillas e tomei uma decisão: a família resolve.

Eu sou a Toula. Se quiserem eu posso ter 50 madrinhas vestidas de sereia azul. Ou então se fizermos do meu jeito realista e íntimo eu volto e assino o papel e tcharam: estou casada.
O que importa é que já tenho o meu gordinho.


Eles que arranquem os cabelos.

Sinceramente, dos meus resquícios bridezillas eu só tenho 3 desejos: o vestido, fotos lindas e o noivo.

Reparem na ordem de importância...

(Mor - eu te amo e to brincando tá?)

Mas enfim.... um belo dia, depois de muitas discussões familiares de como vai ser e/ou como deveria ser, muitas lágrimas (minhas), as pessoas (eu e meu noivo) começaram a dar sugestões esdrúxulas:

Meu noivo solta - vamos para Las Vegas (Ha. Se o visto dele não fosse um problema. Realmente, meu sonho é ser casada pelo Elvis.)

Liga para a galera e vamos pedir pizza. É. Tudo no Brasil termina em pizza.

Vamos fazer um churrasco? Nada contra. Mas sou vegetariana.

Aí eu sugeri da gente oficializar no Matsu, que é o meu restaurante japa favorito. Meu pai não gostou da idéia.

A gente podia então fazer uma festa junina? Mas Carol, você vai ter que pintar seu dente de preto e fazer trancinhas.

Então a gente podia tentar alugar o teatro de Paulínia?.... Não gostaram desta minha sugestão.
Iria ser tão significativo casar num teatro. Mas eu não ia casar dançando.

Enfim. Uma destas sugestões está sendo considerada.

Pelo menos o primeiro item da minha lista é agora viável.

=)


Monday, March 14, 2011

Sorte ou Azar?

Se o dia foi de azar ou de sorte eu não sei.
Acordei e torci meu tornozelo. Não dei bola e fui lavar roupa.

Fui ao David's bridal e aproveitei do meu momento feliz. Minha roommate fez as vezes de mãe e melhor amiga da noiva. A cada um ela gritava mais. =)
Sem mais comentários, porque o noivo acessa o blog.

Fui no hospital e o médico que não me tratou lá muito bem me deixou em choque ao me dizer que eu tenho que ficar sem dançar por duas semanas.

Um dos meus ligamentos estirou total e meu tornozelo está bambinho. Estou com uma tala simpática. E ele me mandou escrever o abecedário com o pé pelo menos uma vez por dia para eu fortalecer o pé. Deveria fazer fisioterapia, mas não tenho dinheiro.

Duas semanas sem dançar?

Vai catar coquinho e empilhar ovo na descida.

Sexta-feira da semana que vem eu tenho apresentação.

E se eu tiver que ficar parada eu levo falta nas aulas e minhas coreógrafas me cortam de onde eu estiver dançando.

Estou fazendo compressa de frio e quente. Estou com o pé para cima. Já pedi para todas as freiras que eu encontrei rezarem pelo meu pé. Já fiz banho de sal e etc...
Agora eu vou ficar conversando com o meu pé e convencendo as minhas células para elas regenerarem meus ligamentos bem rapidinho.

Right Condition of Mind.

Mas pensem. Eu tenho uma semana de férias.
Da última vez que eu fiquei doente por aqui foi no feriado.
Eu acho que na realidade foi sorte.
Eu nunca me machuco dançando, pelo contrário é sempre quando eu estou andando.
E agora eu tenho uma semana para me curar.

Mas apesar dos pesares eu precisava tanto ir passear.
Acho que amanhã eu vou andar em Chinatown independente de tornozelo roxo-esverdeado-ficando-preto.

Eu estou num bom humor tão surpreendente que nem acredito.

Também acabei de ter uma excelente notícia.
Mas que eu não vou escrever aqui por causa do noivo.
Ha Ha
Suspense.

Beijos nos meus amados.



Saturday, March 12, 2011

Spring Break

E depois da chuva o vento dissipa as nuvens carregadas
e o sol vem esquentar os corações tristes
e trazer de volta a esperança
e o sorriso.





E eu me pergunto:
Frente à miséria de tantas pessoas e a tragédia que aconteceu no Japão ontem, como eu pude me deixar abater por problemas tão insignificantes?
Por que eu sou tão suscetível ao nervosismo, ao desequilíbrio emocional?
Por que eu sou tão fraca?
Espero pelo menos poder perceber as minhas fraquezas a tempo de superá-las.





Mas então...
Estou mais feliz e tranquila.
Resolvi o que estava me torturando.
Pode-se dizer que eu sou muito esponja, então eu simplesmente fiquei guardando a pressão do meu grupo de CC&D (uma disciplina) nas costas e acabei em total desespero.
E perfeccionista que sou, quero que este espetáculo que eu e meu grupo estamos fazendo saia perfeito, ao mesmo tempo que todos se sintam felizes e satisfeitos.
Só que fazer trabalho em colaboração é sempre muito complicado.
E no estresse de ter que organizar tudo, de achar uma maneira de fazer tudo funcionar, de criar coragem para dizer para o músico que o trabalho dele não está de acordo com as idéias para a nossa coreografia e que precisamos de outra coisa, meu estômago revirou, eu tive tremedeira e passei muito mal.
E acrescente a isto o constante nervoso financeiro que rumina em minha mente, e a saudade do meu noivo e da minha família, eu acabei falling apart into pieces.
Mas agora já achei algumas soluções e estou pronta para encarar a pauleira de novo.





Mas acima de tudo o que melhorou a minha vida é que começou o spring break.
Uma semana de férias aqui em NY é o equivalente à um mês aí do Brasil.
Eu nunca tive sequer um dia de folga total, e agora vou ter uma semana.
Não estou nem acreditando.
Para comemorar hoje eu chutei o balde com a Nati.
Fiz um monte de coisa que há tempos queria fazer.
Para começar eu fui almoçar Japonês, um dos meus únicos vícios. Achei um restaurante do lado de casa e super razoável.
Passei pela Times Square, aticei meu bichinho consumista na MAC e na Sephora, pois há tempos que ele andava reprimido.
E depois fui ao cinema assistir Rango, com o Johnny Depp como o lagarto verde. Compramos um balde de pipoca gigante cheio de manteiga e com refil!!!
Me diverti como uma criança.
Eu estava precisando de turistar, tirar fotos felizes e não me preocupar com o dia de amanhã.




Friday, March 11, 2011

Umbrellas




Sim.
Meu guarda-chuva virou um pára raio.
Sabe aquele novo que eu comprei que era gigante e supunha-se durável?
É uma lenda.
Guarda-chuvas não sobrevivem a New York.
Chega a ser hilário andar pela rua e ver a cada 10 passos um esqueleto de guarda-chuva abandonado.


E eu saí tarde da faculdade depois de um dia punk.
Passei mal.
Tive dificuldades mil.
E saí com minha mochila nas costas e uma outra sacola no braço e o guarda-chuva na mão.
Abençoada sejam as galochas e o meu novo raincoat vermelho.
Mas mesmo eles não foram de muita serventia já que a chuva vinha numa direção diagonal, de baixo para cima, mirando minha cara e minha mochila com lap top.
E o vento vinha numa direção paralela ao chão, me empurrando lateralmente ou frontalmente.
Então eu tinha que escolher se eu mirava o guarda-chuva contra a chuva ou andava com ele feito um escudo frente à ventania.


Ai seu eu fosse um peixinho e soubesse nadar
Eu tirava eu mesma lá do fundo do mar.




Raindrops stop falling in my head.
Raindrop stop falling from my eyes.



Eu juro que eu queria estar mais feliz.
Mas meu corpo está muito destruído.
O esgotamento é físico.
E meu nervosismo, fruto de tantas preocupações, está bagunçando de vez comigo.
Eu sempre vou me colocar de pé depois de cair, mas confesso que ando vendo tudo cinza.
Está difícil ver as cores.
Muito desespero.
Me desculpem pelo desabafo.
Queria ter força de só escrever coisa feliz e engraçada.



E pensar que geralmente quando chove eu começo a cantar.

I'm singing in the rain.
Just singing in the rain.
What a glorious feeling.
I'm happy again.
Maybe tomorrow, I'll be singing and dancing in the rain.

Thursday, March 10, 2011

Sonho


Odeio sonhar coisas estranhas.
Parece que eu não dormi e minha cabeça ficou trabalhando em nada.
Gosto de dormir e apagar.
Acordar e ter a sensação que eu fui fazer algo útil durante o sono e descansei completamente.
Não costumo sonhar nem ter pesadelos, mas nos últimos dois dias tive sonhos estranhos.
Ontem acordei lembrando deste sonho esquisito onde estas lesmas vermelhas pulsantes estavam se multiplicando pelo chão de uma floresta. E eu e mais alguém que não lembro morávamos na floresta e precisávamos exterminar as lesmas que tinham se transformado em aranhas. E tinha alguma coisa com espadas.
Eu tenho pavor de aranhas.
Vê?
Ninguém merece.
E eu perco toda a minha credibilidade escrevendo este sonho ridículo aqui.


E aí hoje de novo.
Acordei meio de sobressalto porque o filme "Sinais" estava passando no meu cérebro, nitidamente como se eu estivesse assistindo.
Aí eu acordei e fiquei naquele limbo do sono: onde você não levanta e o sonho continua te perseguindo.
E o filme ficou mais forte.
E sei lá de onde isso veio.
Eu sequer assisti este filme no cinema, porque quando eu assisti o trailler eu passei uma semana sem dormir direito.
Aí quando eu assisti o filme na TV eu fiquei na expectativa de uma invasão iminente de ets hostis.
(Tá... eu sei. Agora eu explodi com qualquer credibilidade que ainda me restava.)
Mas o que eu posso fazer se eu tenho uma imaginação fértil.
E quando eu finalmente desisti de ficar no limbo e levantei da cama eu penso:

"E laiá. Agora quero ver você sair neste corredor do convento mau assombrado e com ets.
E para ajudar você ainda mora em NY. Definitivamente o primeiro lugar a ser atacado por seres de outros planetas, por mudanças climáticas, ou por seres frutos de mutação nuclear."

Não preciso nem começar a mencionar os filmes, preciso?
(Independence day, Godzilla, O dia depois de amanhã, Cloverfield, A Guerra dos mundos, etc)
E em todos os filmes o Central Park é um dos alvos. E o CP é logo ali...

Ok.
Hora de acordar.
Agora que eu já falei mau dos sonhos...




Eu amo sonhar.
Mas aquele sonho bom.
Desejo de um futuro.
Aspiração.
Inspiração.


Aquele sonho onde me questiono.
O que eu vim fazer aqui?
E para quê eu sirvo?
O que eu posso fazer com o tempo que tenho?
Será que eu consigo alcançar tudo que sonho.




Morar em NY e dançar por aqui eu já consegui.
Mas agora eu quero saber se eu consigo viver de dança.
Bom.
Viver de dança eu já vivo.
É a minha vida.
Mas eu quero saber seu eu consigo comer, ter uma casa, ter uma família, colaborar para um mundo melhor, vivendo de dança.
Eis a questão.
Ainda bem que eu nunca paro de sonhar.
E a cada sonho alcançado eu arranjo mais alguns...




Vou me embora para a aula.
Ou vou me embora para as nuvens.

Porque hoje fui do nonsense ao filosófico.
Como nos sonhos.

As coisas não seguem uma ordem lógica.
Será que ainda estou sonhando?

Wednesday, March 9, 2011

Mr. Pilates

Vai Carol.
Faz promessa tem que cumprir.
Afinal você não é político e não pode se dar ao luxo de enganar aqueles que esperam alguma coisa de você.
Já que eu resolvi escrever que eu iria fazer 10 mil posts eis aqui mais um:

(2- Tem um sobre meu dia-a dia aqui na NYU. Coisas que continuam me surpreendendo.)

Na realidade queria mesmo era dividir com vocês que na última sexta marquei um horário com a professora de Pilates para trabalhar em algumas coisas do meu corpo... meu centro fraco (preciso trabalhar mais consciente meu centro), minha articulação coxo-femural da perna esquerda (que descobri que é menor que a perna direita!), enfim... estas coisas de bailarina que fica tentando se acertar o tempo todo.
Esta professora acabou de assumir a aula de Pilates, porque a antiga professora faleceu no início do ano passado.
Eu queria muito ter feito aula com a Katty Grant, que era uma das únicas pessoas vivas certificadas pelo próprio Pilates (ou Mr. Pilates como todo mundo fala dele por aqui).
Ao chegar na salinha no sexto andar, que era cuidada pela Katty eu comecei a conversar com a professora de Pilates atual comentando que eu nunca tinha feito pilates nas máquinas que tinham por ali.
E aí ela me conta que agora está tudo meio incerto, mas aquelas máquinas (que parecem máquinas de tortura), onde ela estava me orientando a fazer coisas bem torturantes, foram feitas pelo próprio Mr. Pilates.
Ha.
Mais uma vez eu pisando num pedacinho de história.
Adoro.
Me deu uma sensação que tantas vidas já passaram por aquele mesmo objeto. E agora eu também faço parte das vidas que passaram por ali.



Darth Maul e eu. - Drops

São 10 hs da noite e eu estou dormindo em pé (quer dizer... sentada na frente do lap top).

Mas ok. Devido à reclamações, vamos ver se eu consigo espremer meu cérebro e escrever as coisas que andavam me perseguido.

Como diria por aqui:

First things first...

Faz tempo que eu não escrevo sobre as pessoas malucas que eu vejo por aqui né?
Deve ser porque estava bem frio e a maioria das pessoas andam totalmente cobertas de casacos gigantes. Ás vezes uma ou outra pessoa gosta de dar uma de fortão e sai por aí de shorts quando está -10, mas em geral as pessoas estão tão cobertas que elas não costumam expressar sua maluquice.

Mas estes dias eu tomei um susto quando eu entrei no metrô. (Sim eu sei.... meu blog é muito chato: ou as coisas acontecem no convento, ou na universidade ou no meio do caminho - o metrô. Carol - get a life!... Fim do adendo)

Voltando ao assunto... Eu entrei no metrô e dei de cara com uma mulher meio corpulenta, toda vestida de preto e com detalhes rasgados e o cabelo moicano com toques roxos.

Tá eu sei que isto não é grande coisa... Mas agora vem o principal: a mulher meio punk era na realidade uma senhora!!! Mais ou menos assim... como a minha avó!!!
Sem mais comentários.
...

E andando perto da faculdade num raro dia quente (8 graus!!!) e ensolarado deparo com um cara bem vestido: terno claro, sapato fino, óculos escuro redondinho, todo style.... careca e... com chifres.
É.
Chifres.
Não me pergunta como, porque eu não quis ficar encarando, né?
Mas chifres tipo o do Darth Maul do Guerra nas Estrelas 1 ( Não o primeiro feito, mas o primeiro daquelas "prequências" ruinzinhas).
Sem mais.
...

Esta cidade é imã de maluco.
E eu moro nesta cidade.
Logo,
Deduz se que,
Percebe-se,
Podemos inferir que.

...

Tuesday, March 8, 2011

Penseira.

Tá eu sei.
Estou devendo milhões de posts.

Eu juro.
Eles inundam a minha mente de uma forma assustadora.

1- Tem um sobre drops... com relatos de pessoas malucas e a sequência da minha vida com os ratos.

2- Tem um sobre meu dia-a dia aqui na NYU. Coisas que continuam me surpreendendo.

3- Tem um post que vou por um vídeo de um ensaio comigo dançando. (Eu pareço uma maluca, mas vou postar assim mesmo...)

4- Tem um post com fotos da minha aula de CC&D

5- E tenho um sobre iluminação e produção.

6. E tem um sobre uma marcha fúnebre.

Mas é 1hs da manhã, amanhã eu tenho que dar conta de levantar para o Pilates e editar um vídeo antes de ir para aula.

Então eu estou escrevendo aqui e perdendo meu tempo de sono para justificar para todos os fantasmas que vão ler isso aqui durante a madrugada.

As vezes até eu me surpreendo com minha mente estranha.

Mas o que que eu posso fazer se estas informações ficam flutuando pelo meu cérebro e me impedindo de dormir.

Acho que este blog é minha própria versão de penseira.

Até logo mais...

Wednesday, March 2, 2011

To, Two, Too.

To, Two, Too. - Choreography and Performance Carol Mendes and Cecilia Zhao

A Cecilia me convidou para fazer este trabalho tendo em mente a nossa situação de estrangeiras, as nossas dificuldades com a língua e as frustrações que mergulhar numa nova cultura causa.
Tínhamos em mente que gostaríamos de usar fala, eu em Português e ela em Mandarim. E de alguma forma queríamos trazer elementos diferentes para o palco para fugir da mesmice.
Pensamos em folhas secas, projeções ao fundo e sei lá porque um belo dia improvisamos com cadeiras.
Do pisar nas folhas secas que não conseguimos, surgiu a idéia de pisar em jornal. E disso nosso trabalho foi criando formas.
Improvisação, filme, e conversa. Aos poucos conseguíamos dar uns passinhos. Em alguns momentos quis arrancar todos os meus cabelos.
Mas fomos indo. E algumas coisas foram sendo estabelecidas sem querer...

No final ficou assim:


Das cadeiras olhamos ao longe para o desconhecido.
Cada uma em um lugar, mas sensações comuns.


Não é que o jornal virou uma ilha?


Então citamos algumas das dores e angústias do período de espera.
As minhas (falas):
#1 Na incerteza, o corpo míngua em desespero.
#2 Há esperança, ou há só frustração?
#3 Despedida. Fazer a mala. Dizer Tchau.
#4 Pegar o avião. Sozinha.
#5 Não entender uma palavra.

Nunca entendi quais foram as da Cecilia. Só sei que soava como tristeza.



Mas enfim pisamos em terreno estranho.



Mas bem no final encontramos uma a outra e ombro a ombro escutamos a música repetir mais uma vez:
You will be safe.
You will be loved.
You will remember.


E no minuto seguinte a esta foto nós damos as mãos e andamos um passo à frente.

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