Thursday, September 30, 2010

Funk, pombas, marmotas e ratos.




Só para dizer que hoje estava tocando funk rap no refeitório/cozinha do convento.
???
Como assim?
Passei lá para buscar minha marmitinha (spaguetti e brócolis + salada) e me deparei com o refeitório vazio, as luzes acesas e essa música nada a ver nas alturas. E ninguém em volta...

...........

Ando feliz,desesperada, preocupada, maravilhada, surtada e neurótica.
Corro corro corro. Já que não tenho meu carro para dirigir perigosamente e estressadamente eu ando pela rua com minha militar boots - tec tec tec tec - e continuo com o mesmo temperamento que eu tinha ao dirigir. Máxima velocidade, só ultrapasso as pessoas (ninguém pode me ultrapassar) e chamo de marmota qualquer MARMOTA que anda lerdamente pelo meio da calçada.
Meu pai vai ler isso e nunca mais vai deixar eu dirigir.

............

Os pombos me irritam.
Eu odeio pombos, mais até do que ratos.
Nesta semana acordei de madrugada com um pombo maltrapilho querendo entrar pela minha janela.
Tava com tanto sono que nem me dei conta que o pombo estava quase na minha cabeça, passando pela tela. Dei um tapão não-fraterno na janela/tela/pombo e voltei a dormir...


Obs: minha janela é de vidro, mas tem uma parte dela que não fecha porque tem uma tela estranha. O que significa que eu durmo com a janela praticamente aberta, passando frio. Eu preciso pedir para as freiras darem um jeito nisso...

..........

Quanto aos ratos: só vi dois até hoje. Eu esperava ver ratos para todos os lados, mas até que não. O primeiro que eu vi, me assustou, estava nos trilhos do metrô e era de tamanho médio. Já o segundo que eu vi era bonitinho. Cinza, pequeno andando pela lama/sujeira nojenta do trilho do metrô. Mas tinha alguma coisa na atitude do rato serelepe, investigativo e saltitante que me fazia lembrar de Rattatuille. Não que eu queira um rato perto da minha comida.

......

Percebe-se que NY faz mal para uma pessoa quando ela começa a achar ratos bonitos e começa a pensar que estes são a única forma de animal selvagem existente.

Sunday, September 26, 2010

Tempestade num copo d´água

Mas sei, que uma dor
Assim pungente
Não há de ser inutilmente
A esperança...
Dança na corda bamba
De sombrinha
E em cada passo
Dessa linha
Pode se machucar...
Azar!
A esperança equilibrista
Sabe que o show
De todo artista
Tem que continuar...



Achei.

Mas acredito que na realidade ele se materializou dentro de um bolso da minha bolsa por saudades de mim.

Ontem procurei dentro de cada um dos bolsos mais de três vezes. E hj ele se materializa no lugar mais óbvio?

Não sei o que aconteceu e não importa o que passou. Só importa que agora eu tenho meu colar de volta.

Mais tranquila.

Feliz.

E um tanto quanto boba.

E que sirva de aprendizado para eu não desabar tão facilmente.

Meu colar...

Ganhei esse colar da minha tia madrinha de uma viagem que ela fez ao Egito.
O colar é prateado e tem uma mandala hezagonal com um padrão de linhas e uma pequena bolinha no centro.

Desde quando ganhei esse colar ele se tornou meu item favorito, tendo tanta importância para mim quanto minha aliança de noivado.
Esse colar, com sua mandala relativamente pesada, se alojava bem no centro do meu peito, com um peso particular. Quando usava esse peso eu ficava com uma sensação constante de escudo.
O significado da mandala tinha algo a ver exatamente com isso: um sol protetor.

E qual meu sol protetor?
Não só minha madrinha, mas toda minha família e aqueles que me amam. Nos dias que me sentia mais apavorada eu colocava o colar.

Quando entrei no avião estava usando o colar. No primeiro dia de aula também. E ontem que eu estava com medo do ensaio e me sentia carente de proteção, coloquei o colar para me sentir protegida e forte.

Qual o real valor das coisas materiais? É o valor em si, ou a projeção que colocamos em algo?

Ontem perdi meu colar em algum lugar do meu caminho.

Quando me dei conta voltei todo o caminho de metrô ( e ontem eles estavam lentos) revirei todos os lugares que eu passei na NYU: a sala de aula, o sofá que eu sentei para me arrumar, meu locker. O caminho que eu fiz junto com a minha amiga Cecília até a feira que fechou grande parte da rua da Broadway (downtown). Fiz o caminho olhando para o chão, repassando por cada barraquinha que paramos.

Coloquei meu óculos escuro para disfarçar as lágrimas que não paravam de cair. Falei com o vendedor da limonada que tomei. Falei com a vendedora do crepe frances que eu e Cecília comemos. Nada.

Perdi a esperança.

Me senti sozinha, desprotegida, nua. E sem ligação com aqueles que me protegem.

Peguei o metrô sem prestar muita atenção se eu estava pegando a linha certa. Ontem várias linhas que eu pego estavam paradas então eu tinha que pegar alternativas. Entrei sem me importar se ia chegar ou não em casa.

Não tenho vergonha de chorar na frente de conhecidos ou desconhecidos.

O grande problema é quando o choro se torna copioso e soluçado. No metrô, que se movia lentamente, perdi o controle. O óculos não escondia mais porcaria nenhuma. Sentei na ponta vazia do vagão e tentei olhar para o canto escondendo meu rosto com as mãos. Não tinha número de celular para ligar para a mãe, para o namorado ou para a melhor amiga. Me sentia mais sozinha do que me senti desde que cheguei aqui. Nesse momento, uma desconhecida caminhou em minha direção, dei um sobressalto, e ela estendeu a mão me oferecendo lençinhos de papel.

Quentinho no coração. Dei um sorriso e peguei um lenço de papel. Me acalmei, procurei controlar minhas emoções. A cada instante minha razão me dizia:"Ccomo você pode chorar e perder o controle de tal maneira por um colar? Olha o mundo, olha os problemas de verdade! Nesse exato instante tem alguém passando fome, tem gente sendo maltratada, tem gente que perdeu a fé no mundo. Chore pelo outros, não por mim mesma".

Saí do metrô: mais um morador de rua dormindo na escada.

Passei pela Columbus Station e andando pelas calçadas dos hoteis elegantes por onde passo prestei atenção mais uma vez em algo que sempre me atrai... Ia escrever isso nos drops de NY, mas acho que também cabe aqui: algumas calçadas da cidade são feitas de um material diferente que faz parecer que você está andando em purpurina, um chumbo escuro com estrelas. Pessoas andam rapidamente por cima deste chão. Por alguma razão que não sei, toda vez que passo por uma destas calçadas sinto um alento. Como se todos pudéssemos andar sobre as estrelas se quisermos.

Continuei andando. Passei por uma noiva radiante com seu marido, suas madrinhas vestidas iguaizinhas e padrinhos. Fotógrafos tiravam fotos deste comboio bonito enquanto eles atravessavam a 8 avenida, cruzando meu caminho.

Virei a esquina para minha casa. Mais controlada, um acesso de soluço aqui, um silencio, choro esganiçado rompia de vez em quando.

Um senhor de idade em cadeira de rodas, sem sua perna esquerda, passou por mim olhando no meu rosto. Engoli o choro bobo. Quis chorar novamente.

Cheguei em casa.

Friday, September 24, 2010

Mais drops de NY.



Sempre que faço um post pesadão faço um outro bobão para compensar.

Uma mãe passeando com carrinho de bebê de gêmeos: seu bebê de uns 8 meses de um lado e seu mini cachorro do outro.

Um homem com suspensórios de fita métrica.

Vivo me atrapalhando com as porcarias das medidas, não sei minha altura, não entendo o peso das coisas no mercado e definitivamente não entendo farenheit. Parece que NY está para bater o recorde de temperatura mais quente neste período do ano. Sendo que há uns dias atrás estava um frio cavernoso. Acho que este fim de semana vai fazer algo entre 30 e 35 o Celsus.

As pessoas estão todas gripadas por aqui.

Eu não tinha nada contra o Steve Jobs, mas agora eu gostaria que todos os itens da Apple explodissem. A NYU só tem computadores da Mac, que não são compatíveis com meu HD externo ou com meu lap. É uma missão impossível gravar um CD. Fora que o sistema operacional tem um design lindo e proporcionalmente incompreensível. Toda vez que alguém pergunta se eu tenho um Mac e eu digo não, me tratam como se eu fosse alguma pobre coitada incapaz e sem acesso às grandes informações do mundo. To irritada com os I-qualquer coisas.

Toda vez que eu acho que eu estou dominando a arte do metrô eu levo uma rasteira. Não estou mais sofrendo tanto porque descobri duas alternativas para ir da estação mais perto daqui para a NYU. E também descobri que tem um ônibus que passa literalmente aqui na frente e pára na estação, ou seja, não vou congelar no inverno fazendo 15 minutos de caminhada ao metrô. Mas por sua vez as linhas do subway foram a inspiração para a JK Rowling escrever sobre as escadas e passagens secretas de Hogwarts: a linha amarela não funciona no fim de semana, o trem expresso (que não pára em todas as estações vira local em um dia. O local vira expresso no rush hour. A linha verde de bolinha roxa desaparata. Enfim, você tem que entender o que o cara mal humorado (ou a voz feminina sensual) falam no microfone avisando das mudanças. And STAY CLEAR OF THE CLOSING DOORS...

Minha aversão por pombos tem aumentado desde que eles insistem em ter problemas de orientação de vôo e ficam batendo contra a minha janela durante a madrugada.

A diretora do curso de dança (toda poderosa) vai de patinete paro o departamento todo dia de manhã. E além dela sempre tem um monte de gente engravatada de bicicleta. Salto alto e tricíclo de plástico.

Casal de vovozinhos apaixonados apostando corrida de patinete motorizado em volta do Central Park em tarde de Domingo.

Tem uma padaria, em baixo das salas de dança, que fica torturando os bailarinos durante as aulas.

Após 23 anos de procura comprei uma bota preta baixa do jeito que eu queria. Minhas lindas army boots fazem sucesso. Elas custaram U$29. Eu sou ótima na arte de achar um bom, bonito e barato com cara de caro. Demora, fico mal humorada mas consigo.

NY é fedida e bem sujinha. (Continuo amando a cidade assim mesmo).

A miséria dos moradores de rua que dormem nas escadas das entradas do metrô é assustadora.

Perto do rio Hudson (onde eu moro) venta gelado de manhã e a noite faz calor (?).

Aqui a multidão e a solidão imperam.

Review de "Singular Sensation", coreografia de Yasmeen Godder. Teatro The Kitchen, NY.

Ok. Você mora em NY. Quer viver de dança. Assiste uma premiere de um espetáculo junto com duas das maiores professoras do seu departamento e sabe a opinião delas sobre este espetáculo. O que você diria para as pessoas que lêem seu blog e que imploraram para você não virar uma intelectualóide new yorker metida e chata?
Então vamos ao review...
...

Yasmeen Godder é uma coreógrafa israelense, ex-aluna da TSOA, que tem trabalhado com Dança Contemporânea em Tel Aviv e vivido na ponte aérea NY-Israel. A proposta deste trabalho que assisti era de explorar as paisagens emocionais de uma geração desensibilizada pelo excesso de informação e por excessos de todos os tipos. Ela pretendia criar uma conexão com as sensações humanas. (tradução livre do programa)

Do ponto de vista emocional este trabalho é absurdamente visceral. O exagero dramatúrgico completo. Risadas, choros. Fiquei estupefata. Sabe todos aqueles movimentos proibidos socialmentes de serem feitos? Estavam lá. Sexualidade e narcisismo escancarados. Um tapa na cara. Bombas. Me senti no oriente médio. Mas senti que este oriente médio dançado pelos bailarinos israelenses não estava tão distante assim dos personagens de arquétipos culturais de danças brasileiros como exu, pomba-gira e outros.
Música psicodélica, psicótica, psicopata.
Cinco bailarinos completamente diferentes que não dançaram juntos quase em nenhum momento. A sensação era que eles não estavam dançando, mas nos sobrecarregando de informações emocionais. Mas isso não quer dizer que tudo parecia uma grande improvisação, pelo contrário, o trabalho era tão bem coreografado que fluia como se não fosse. Percebia-se que tudo que estava sendo feito era absolutamente harmônico, ou desarmônico intencionalmente, porque o trabalho físico e das relações entre os bailarinos era extremo.
Perceberam se eu gostei?
Sim, mas porque fui preparada e aberta para assistir qualquer coisa.
Arte contemporânea é indigesta, seletiva. Quem tem paciência para tanta intelectualização e abstração? Às vezes só aqueles que trabalham na área.
Das sensações ao nonsense completo: de um bailarino sendo bombardeado (seus movimentos davam esta idéia), a uma bailarina com cara de top model fazendo tudo "inadequado" de possível com unhas gigantes de pimenta. Ela come as pimentas e cospe. Um bailarino faz "xixi" (de mentira) de tinta verde em outro.
Mesmo quando havia um bailarino com meia bege na cabeça, óculos de natação nos olhos, plástico enrolado na cabeça, papel enfiado nas orelhas que davam sensação de antenas e enchimento na região dos bíceps, criando a ridícula imagem de um super herói alieníngena, este trabalho enlouquecido foi inspirador.
Prometo que não estou maluca.
Mas foi tão diferente de tudo que já vi, libertário e desafiador que me mantive interessada do começo ao fim.
Até mesmo nos anti-clímax em que uma bailarina começou a estourar pequenas bexigas presas em partes estratégicas do corpo dela com uma tesoura pontiaguda. Tinta voava em direção à plateia.
Confete que aparecia do nada sob a cabeça de um casal de bailarinos que se amava e se matava em cena. Prazeres e dores.
E então veio a massa de macarrão spaguetti que caiu se esparramando pelo linóleo branco.
E por último essa gelatina vermelha que foi trazida e colocada no meio do palco. Então pisada pelo bailarino alieníngena. E outros bailarinos mergulharam na gelatina pisoteada, começaram a nadar nela e se eu não me engano alguém comeu essa gelatina. Era muita informação o tempo todo. E paradoxalmente todas essas bizarrices aconteciam de forma dançada e natural.
Vai entender?
Bom, mas se dança fosse algo que a gente entendesse com palavras ninguém dançaria...

Thursday, September 23, 2010

Sorte?
Dedicação...
Fé!
Gratidão.

...
Muitas coisas.
Gostaria de poder escrever tão rápido quanto as idéias que passam pela minha cabeça.
Feliz feliz feliz.
Semana difícil, mas terminando.
Todos os deveres co(u)mpridos.

...
Aula de composição improvisação:
Professora lenda e temida - Phyllis Lamhut.
Primeiro trabalho solo de composição que apresentamos para ela.
Passei o fim de semana anterior (o sábado inteiro na NYU) numa sala de aula vazia brigando com a minha inspiração que não vinha.
Medo de apresentar.
Medo de solo.
Briguei com a minha preguiça e fiquei trabalhando até algo sair.
Não me sentia confiante, mas fiz o melhor que pude.
Apresentei.
Terminei e todos estavam mudos, a professora também.
Após uns segundos ela dirigiu a palavra a mim, deu um sorriso e não teve uma palavra negativa a acrescentar.
- Exccelent! A idéia da proposta estava clara, mas com algo a mais...
(Como assim?)
Estupefata recebi outros comentários de colegas da turma.
Meu trabalho lembrou Tim Burton para uma, foi creepy. Mas para outra foi delicado.
What the heck?
Devo continuar com essa maluquice daqui para a frente.

...
Também estou coreografando cinco bailarinos.
Começei o trabalho essa semana.
Me senti travada.
Apavorada.
As expectativas são altas em cima de mim agora que recebi elogios da Phyllis.
Os cinco bailarinos são tecnicamente o sonho de qualquer coreógrafo.
Como estar à altura de tanta gente boa?
Como eu transformo uma idéia subjetiva, imagens e movimentos na minha mente em um trabalho artístico?
1% inspiração e 99% expiração.

...
Me divirto com itens da lingua.
Quando os bailarinos vão falar que estão dançando para mim eles dizem que estão na Carol´s piece...
É interessante pensar em coreografia como um pedaço da Carol.
Faz sentido.

....
E mais sorte. Ou não é sorte.
Ontem ganhei da Deborah Jowitt (coreógrafa e crítica de dança) ticket para assistir a premiere de um espetáculo no dia de hoje junto com ela.
Ela ofereceu para sortear entre a turma, mas todos estavam ocupados. Disse que eu adoraria ir, mas como eu já tinha ido uma vez não sabia se eu poderia ir de novo. Mas ela aceitou.
Após um longo dia de aula fui pegar o ônibus indicado para ir ao teatro.
No ônibus encontrei com a professora de composição/improv.
Sim, aquela dos hips e do excellent. Que também faz os alunos chorarem.
Ela também estava indo assistir este espetáculo da coreógrafa israelita ex-aluna da TSOA.

Estas duas professoras lendas vivas de NY me acompanharam, me contaram histórias, quiseram saber da minha opinião, ouviram minhas dúvidas, meus comentários sobre NY, sobre aulas, foram atenciosas.
E no final a Phyllis chamou um taxi e não me deixou ir de ônibus, me dando carona e conversando comigo sobre o que achamos do espetáculo que tínhamos acabdo de assistir.
Surreal, incrível.
Mas ao mesmo tempo natural.

Wednesday, September 22, 2010

Sobre comida...


(Porque a Teka pediu e meus familiares ficam me incomodando com isso):

Sim eu gostaria de comer melhor.
Não sou alguém que gosta de comer sozinha.
Comer é um ato social. Ponto.
....
Pão dura que sou, estou basicamente me alimentando com as duas refeições que as freiras nos preparam, café da manhã e jantar. Eu aluguei uma pequena geladeira no meu quarto e nela mantenho alguns itens de sobrevivência como leite, cottage cheese, mini cenoura, geléia e hummus/babaganush.
Basicamente sobrevivo pegando o pão de forma da manhã, junto com a salada do jantar anterior e transformo isso em um sanduíche para meu almoço. Levo algumas outras coisas quebra galhos para o dia, e à noite como uma refeição um "pouquinho" melhor.
"Pouquinho" porque as freirinhas são carnívoras (note o duplo sentido) e quando tem carne meu tupperware vem com salada, brócolis mal cozido e algo misto de ovo e coisas estranhas.
Terça é meu café da manhã preferido porque tem waffle e também posso pegar todas as bananas que eu conseguir carregar. Ô miséria.
....
Essa cidade é maravilhosa em termos gastronômicos, mas se você sabe onde ir... Como eu não sei, eu prefiro me manter na minha estrutura diária e experimentar algumas coisas diferentes de vez em quando.
Semana passada eu comi meu primeiro cupcake. Sempre achei isso uma frescura danada. Um bolinho fofo, com uma melequinha sem vergonha em cima e um preçinho salgado. (In)felizmente descobri o melhor doce do mundo e provavelmente numa das melhores lojas. Minhas amigas que me levaram lá explicaram que aquele é um dos lugares mais famosos e melhores de cupcakes de NY. (E era uma entradinha sem vergonha, numa ruazinha sem vergonha e badalada do Lower East Side) Ainda bem que eu não prestei atenção no caminho e não sei como chegar no lugar novamente para repetir a orgia gastronômica...
...
E só um último detalhe dramático alimentício: hoje teve ovo cozido no café da manhã. Como eu não estava me sentindo com estômago para isso às 6:30 da manhã (sim esse é o horário militar do breakfast) eu guardei o ovo (com casca) na mochila para comer na hora do almoço.
Simplesmente não tive tempo de comer nem na hora do almoço nem em nenhum outro horário até chegar em casa às 20hs. O ovo passeou na minha mochila o dia inteiro, mas cheguei em casa descasquei o treco e comi.
Ai se a Carol fresca que morava no Brasil visse isso. Situação. Drama drama.
...
Mas como disse uma amiga de mestrado, esse curso é o melhor regime que já fiz...
...
Mas não pensem que eu estou passando fome. Estou fazendo quatro aulas técnicas por dia, mais as disciplinas de mestrado à tarde, andando até o metrô e passando cerca de 14 horas fora da minha casa/quarto. Se eu não comesse direito eu já tinha passado para o lado de lá.

Friday, September 17, 2010

Nem um dia, nem uma hora, nem um minuto.

É a minha mão na barra de balé com a aliança encostando na barra.
E um cara de chapéu que passa na rua.
É um músico tocando jazz.
São as máquinas fotógraficas nas mãos dos fotógrafos espalhados pela cidade.
É a arte de rua.
É o underground, o feio que se torna bonito com seu olhar.
São os restaurantes japoneses espalhados por todas as esquinas.
É a pizza gigante nas mãos dos transeuntes.
É uma grua.
É a comida nada saudável que não tenho prazer em comer sozinha.
É a ausência do calor.
É você fazendo parte de mim a cada segundo.

Wednesday, September 15, 2010

"(...) dance is most deeply concerned with each single instant as it comes along, and its life and vigor and attraction lies in just that singleness. It is as accurate and impermanent as breathing." (Merce Cunningham)

O útil desse blog é que se você é alguém que faz dança, você provavelmente vai fazer parte do meu mestrado comigo. Se você é alguém muito íntimo meu, que não faz dança, você vai ficar realmente cheio de informação sobre arte e processo criativo. E se você é alguém que não me conhece, você provavelmente vai se irritar com o que eu escrevo.




Acordei as 4 da manhã, sem despertador, preocupada com os textos que eu tinha que ler para hoje. Dei conta e amei - vide o trecho do Merce Cunningham. Agora são 8hs e dentro de meia hora tenho que ir para minha bodywork/modern class (hoje é o único dia que a aula começa às 10hs). E só volto às 21hs.
Ou seja tenho mais uma meia hora livre antes de ir para o metrô. Dúvida cruel: escrever aqui ou descansar uns minutos e tentar dormir? dã... Mas provavelmente não consigo mais escrever essa semana.

Fui, atrasada, preparar meu almoço: salada, mini cenoura e humus (não aquele das plantas, o das pessoas).



Tuesday, September 14, 2010

Drops

Hoje vi um cara vestido de batman no meio de uma praça recitando sei lá o quê, começei a rir.

Ontem ao entrar no metrô presenciei um morador de rua na situação mais deplorável que já vi, quis chorar.

Ontem passei fome, passei mal. Em compensação hoje comi banana e uvas passas o dia inteiro.

Hoje fiz audição para aula de pontas. Fui corajosa e não fui mal, minha relação com audições está melhorando.Consegui me manter tranquila, aproveitar a aula e dançar. E que se danem os números, as notas e as classificações.

Ontem fui escolhida para dançar no trabalho da Deborah Jowitt, começei os ensaios, cheguei tarde em casa, cansaço. On the edge. Segunda das 8am às 9pm..

Hoje rebolei na aula de improvisação, levei um elogio da professora considerada lenda e terrível (mas que eu acho maravilhosa). "- You know... this girl come from Brazil, and she can use her hips and she feel very secure about it. Culture makes some difference..."

Estou com um machucado no joelho que fica sangrando o dia inteiro. Descobri novas partes do corpo que podem doer.

Vi vários beagles (e micro beagles) e lembrei da minha gorda fedegosa, deu um aperto no coração. Sim eu quero sentir o fedor da minha Hopi e atormentar a autista da Suzi.

Não entendi lhufas do que a professora de pilates queria. Tive que dublar a aula inteira.

Recebi e-mail do noivo gordinho e senti um quentinho no coração.

Vi uma foto minha e do meu irmão no aeroporto e chorei. Quero ter dinheiro para comprar jogos de wii para ele e mandar no Natal.

Toda vez que falta fé eu lembro do meu aluninho que me ensinou que cantar preenche o coração e alivia as dores.

Toda vez que eu sinto saudades de falar Português e to irritada com meu inglês uga buga eu canto elis. E é sempre o bêbado e a equilibrista... Quando caia a tarde e um bêbado trajando luto me lembrou carlitos.

Começando a criar e coreografar. Dividida entre Debussy, Piazolla e mais alguns. Consegui três bailarinos realmente maravilhosos, grande responsabilidade. Inspiradíssima e empolgada. Idéias e mais idéias. Quem lembra do desiderata? Nada se cria tudo de transforma. Aprimorar minha linguagem. Desejo. Personalidade.

Tem feito frio sobrevivível.

Leia nas estrelinhas...


Sunday, September 12, 2010


Deveria fazer meus 20 assignments para amanhã, but I just don´t feel like doing it...
Mentira, eu até gostaria de fazer, mas prefiro ir no Brunch de uma amiga, porque é óbvio que eu prefiro ir me alimentar. Pois só ando morrendo de fome neste país.
Ontem passei o dia ouvindo Debussy e Uakti, para me inspirar para meus trabalhos, mas hoje eu acordei gaga.

Saturday, September 11, 2010

Oras bolas



Como a criança que recebe o novo com surpresa.
Com o coração leve.
Sensação de flutuar.
Patinando no céu.



Tá... Eu sei que eu sou meio maluca.
Mas para mim isso faz sentido.
Oras bolas.
E depois dos últimos dois post que renderam zero/um comentários acho que faço mais sucesso quando falo nonsense.
Pelo menos divirto as pessoas.
Vocês acreditam que minha mãe disse que riu muito lendo isso aqui?
Poxa, eu abro minha alma, falo umas bobagens e relato minha dura realidade de pessoa perdida e dona de casa de primeira viagem e sou assim tratada.
Vou me recolher à solidão do convento.
(Que por sinal hoje tá parecendo uma balada, toda vez que eu saio no corredor está vazio, mas de dentro do meu quarto fico ouvindo passos, pessoas histéricas e o microondas trabalhando).

Um pé depois do outro. Caminhos. Direções.


Quando penso nos meus amigos, nas minhas alunas, nas minhas colegas de profissão ou até mesmo em um estranho que possa estar lendo as coisas que escrevo, eu fico pensando como as pessoas se acham todas muito diferentes, mas no fundo as ansiedades pessoais, as tristezas e as alegrias são muito parecidas.
É nisso que eu penso quando escrevo sobre dança... falo disso, mas na realidade estou falando de vida mesmo. Somos todos muito diferentes, mas ao mesmo tempo somos bem iguais.

O que é fracasso e o que é o sucesso?

Quantas barreiras nós mesmos criamos?

Qual é o valor dos nossos sonhos?

Quanto vale a pena lutar pelo que aspiramos?

Carrascos de nós mesmos.

A vida de um bailarino é sempre muito dura. Sempre soube disso, mas isso nunca me impediu de ser apaixonada pela arte da dança.
Dançar implica em treinamento árduo e em estar em constante conflito com sua imagem. Para alguns dança é imagem, para outros é técnica. Também é emoção, mas é a razão. É a expressão do corpo, é a comunicação que exprime nossas verdades.
Para mim, é um pouco disso tudo. A Dança pode ser - e costuma ser - um carrasco. Temos que estar continuamente entrando em padrões (as aulas técnicas) e saindo dos padrões (criando). Ou seja, é um eterno paradoxo!


Apesar de eu ser apaixonada pelo meu campo de trabalho eu tenho duras críticas sobre como tudo funciona: competição e audições levam à um narcisismo corporal perigoso. Eu sabia de antemão que ao vir para cá eu estava me colocando numa prova de fogo em frente a tudo que quero combater, que também são exatamente as coisas que me dão mais medo. Porque competir e fazer audição significa se expôr e esperar as críticas. E quem gosta de ouvir críticas?

Principalmente porque quando o alvo da crítica é o produto do seu próprio corpo e da sua expressão, a crítica negativa atinge inevitavelmente o pessoal. Mas eu sei o quantos as críticas são necessárias ao nosso crescimento pessoal e profissional. E é por isso que estou aqui. É por isso que tanto lutei por esta oportunidade de estar entre tantos profissionais de qualidade.

Quem me conhece de longa data sabe do meu problema de auto estima. Nunca me sinto boa o suficiente. Nunca fui uma grande performer. Tenho dificuldades técnicas enormes. Não sou boa em giros e as vezes perco meu equilíbrio por não estar suficientemente com o apoio dos pés no chão... Não estou falando que eu sou ruim, mas sim que eu conheço muito bem minhas limitações como bailarina. Mas isso não me impede de ser criativa, de buscar meu aprimoramento e de sempre lutar por mais.

Ao chegar aqui com tantas expectativas das pessoas que me conhecem deu ser um sucesso e ao ler os comentários carinhosos das pessoas queridas que torcem tanto por mim desabei de chorar... E vou contar o porquê:

Em duas semanas de aula na Tisch já tive que me por a prova, competir e fazer tudo aquilo que sempre morri de medo. Tem sido muito produtivo, porque percebo que as vezes não é nosso corpo que tem limites, mas sim a nossa mente que impões frustrações e limitações. Estou tendo aula de teatro (sim, decoro lines in English) que é algo que sempre fugi de fazer. E tive que participar de duas audições, dentro do curso, com todos os alunos do 1o e 2o ano de graduação, somados às minhas colegas de 1o ano de mestrado!

Na sexta-feira passada tive audição classificatória dos níveis técnicos. Eu estava muito nervosa, mas fiz o melhor que pude. (Antes disso só fiz duas audições na minha vida: uma para entrar na Unicamp e outra para a SP Cia de Dança). No mesmo dia sairam os resultados... Preciso falar que fui mal colocada, tanto no balé quanto no contemporâneo? É óbvio que me senti um lixo. Minha razão me dizia constantemente que isso não era um grande problema, porque eles precisavam dividir a gente em três turmas de níveis técnicos de qualquer forma. Mas a minha emoção era a do orgulho ferido. Sai do Brasil para me dizerem que eu sou péssima ( e ninguém disse isso, mas foi o meu pensamento)? Em nenhum momento pensei em desistir, mas a tristeza de ser considerada fraca foi muito grande.

Enfim, essa semana fiz as aulas junto com as pessoas também consideradas nível 3. E quer saber? Tem gente muito boa. E tem gente com dificuldades. A aula de balé tem sido frustrante, porque sei que sou capaz de lidar com mais. Mas se assim fui classificada, procuro ter paciência e disciplina para modificar o que as pessoas pensam do meu "produto corporal". E como meu pai e tantas outras pessoas não cansam de me lembrar: cada pessoa foi aceita aqui por ter algo diferente que chamou a atenção. Cada pessoa é única, não sou mais do que ninguém, mas também não sou menos. Sou só eu, Carol, com tudo que vem no pacote (bom ou ruim).

Já a aula de Contemporâneo tem sido um alívio. A professora Pamela Pietro tem um estilo que é muito mais familiar, lembra a professora Holly da Unicamp, só que é um tanto mais surtada e rápida. Quero muito ser escolhida para dançar no trabalho dela... e com isso retorno para a audição número 2, que foi ontem.

A faculty auditions da NYU foi a audição para trabalhos coreográficos de 5 professores da Tisch. Deborah Jowitt, com um estilo mais moderno; Pamela Pietro que já comentei; Kay Cummings a professora engraçadíssima e maravilhosa de teatro; Jim Sutton, meu advisor, professor de balé que não sei o que esperar; e Cherylyn Lavagnino a diretora do departamento que coreografa uma peça nas pontas.

Esta audição foi desgastante porque tivemos que fazer tudo na frente de todos, 8 pessoas por vez mostrando a sequência para os 5 professores e para os outros 70 alunos presentes na sala. E, em determinado ponto, tivemos que dançar uma sequência que foi passada, duas pessoas por vez, e estas pessoas tinham que simultaneamente à sequência dançada manter uma diálogo (-Yes, you will! -No, I won´t!). Ou seja, dançei praticamente sozinha e falei ( em inglês) na frente de muita gente... Foi tenso, mas esta parte da audição rendeu momentos hilários.

Agora a frustração: para participar da audição da Cherylyn era necessário fazer uma audição nas pontas. Levei minha ponta para o departamento, mas não me inscrevi na audição, porque não tive coragem de fazê-la. E aí vemos como eu mesma sou responsável pelos limites que me coloco. Tive medo de ser humilhada, de me sentir um lixo de novo e por isso não quis correr o risco. E isso foi ridículo. Assisti a audição das meninas. A sequência da professora foi algo que não me atraiu, por ser muito quadrado para o meu gosto, mas eu deveria ter tido a coragem de fazer.

Me senti intimidada por ter sido selecionada para uma turma "fraca" (mentira porque a turma não é fraca) de balé, e por saber que tinha gente muito melhor do que eu fazendo esta audição. Tenho uma colega de mestrado formada pela Julliard. Tenho várias colegas que dançaram em companhias de balé profissionais, para não mencionar as menininhas novinhas fisicudas que foram aceitas na graduação. Além da garota que foi selecionada para o So You Think You Can Dance e largou o reality show para fazer o BFA na NYU.... E todas estas estavam lá "competindo".

A vida de bailarino é dura. Assisti a audição e tenho certeza que eu teria ficado nervisissíma e me perdido um monte. Mas tinha muita gente mais fraca do que eu lá, se pondo a prova, e é isso que importa. Quando cheguei em casa, liguei meu pc e vi os comentários me motivando a sempre buscar mais e me senti um fracasso por não ter tido mais coragem. Que fique a experiência para que eu tome atitudes mais corajosas da próxima vez.

E termino com algo que anotei numa das aulas da semana - a de teatro - que é um grande desafio pessoal:

"You are enough if you use all of you!"
Kay Cummings

Thursday, September 9, 2010

Sobre os big names...

Mais um hoje:
Só para dividir com vocês que ontem tive a sorte de poder ir com a Deborah Jowitt assistir o espetáculo de diversos coreógrafos no Dance Theter Workshop.
Esta professora, que já é uma senhora, é uma grande crítica de dança e coreógrafa. Ela perguntou quem estava interessado em assistir um espetáculo com ela e eu fui uma das interessadas. Ela sorteou entre nós e voilà!
Fui como guest da Deborah e ela foi um amor me explicando tudo sobre a criação do teatro em que estávamos, sobre cada coreógrafo que ia se apresentar e cada ex-aluno da TSOA que passava pelo palco. Ela também me apresentou para o Diretor da Julliard (que sentou atrás de nós) e para alguns coreógrafos, sempre falando que eu era aluna dela e do Brasil...
Nunca tinha passado por uma situação similar. Amei, me senti muito sortuda. E olha que eu nunca ganhei nem fileira de bingo!
Uma das coisas que mais tem me impressionado aqui no meu curso (e na NYU em geral) é o fácil acesso que temos aos professores. A semana ainda nem terminou e todos os professores que deram aula para mim sabem meu nome. E não porque eu fui desesperada para me apresentar, porque eu sempre fui muito na minha. Mas sim porque me parece a política geral daqui. Eles fazem questão de decorar todos os nomes e saber o máximo de você que eles puderem.
Isso é um sonho.
Na Unicamp eu nunca me senti a vontade de conversar com os professores. Parecia que eles estavam em um pedestal inatingível. Aqui eu já conversei mais com big names do que no Brasil. O que é surreal.
E a última dos big names: semana passada durante a Orientation Week (onde conhecemos outros departamentos da Tisch School of Arts) tivemos o Welcome da diretoria em que a diretora da TSOA se apresentou e falou sobre diversos assustos. Mary Schmidt Campbell não só é nossa diretora como é também a conselheira de Artes e Humanidades do Obama ( só isso...). E o pior (ou melhor) é que aqui - quando você é aluno da NYU - você instantaneamente passa a ter acesso a estas pessoas muito tranquilamente!

Upside down




Black and White.
High ceilings.
A music plays while I stare to a picture.
I want to be in this picture, I see myself in it.
There is this woman standing and her face look so serious and sad. But her body looks like it could carry the world.
The music gets louder and then I can hear the dancers in a ballet classroom.
Jump, jump, pirouettes.
It feels like everyday trainning.
I go back to see the picture again. There´s another person there and she´s upside down.
I´m also upside down.

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Tem erros, mas não me importo.
Ontem escrevi esse pequeno texto para uma tarefa da aula de dance Seminar da professora Deborah Jowitt. Ela pediu que todos os alunos escrevessem durante 7 minutos sobre um pequeno detour que tivemos em duas salas do prédio da dança.
Impressionante como cada pessoa tem um olhar completamente diferente do outro.
A maioria das minhas colegas americanas escreveu sobre o nosso detour relatando o espaço, pensando sobre a história das coisas. Minhas amigas chinesas tiveram mais dificuldade em escrever, mas também foram para este mesmo conteúdo do espaço e do que as salas possuiam.
Só a emotiva da brasileira que foi escrever um texto absolutamente pessoal sem esperar que ia ter que ler na frente de todas as outras alunas ( sim só tem mulher na minha sala de mestrado).
Quase morri. Neste país vivo tendo que mandar minha vergonha pras cucuias.
E what the heck? Já que eu divido minha vida com todo mundo mesmo resolvi escrever o texto aqui também.

ps: O prédio da dança é enorme (6 andares), mas as duas salas principais são os ambientes do 2o andar: 1)uma pequena sala circular com piso quadriculado preto e branco, com 5 fotos lindas de dança (uma das quais foi o foco do meu texto) e 2) uma sala retangular com sofás confortáveis e todos os avisos sobre as aulas, audições, etc. sendo que esta segunda sala dá para outros ambientes e salas de aula (onde no dia do texto acontecia uma aula de balé da companhia da TSOA- a 2nd Avenue dance comp.).

Monday, September 6, 2010

Mais sobre o convento...

Pois é.
Na realidade estou super tranquila aqui. Foi o lugar mais razoável que arrumei. É um pensionato feminino, homens só entram na recepção e numa sala de visitas controlada (mesmo que sejam os pais). Precisei de cartas de recomendação que atestassem minha "conduta moral" para ser aceita aqui.
Pontos positivos:
É em Manhattan - 4 quadras para o East e estou na times Square e 6 ou 7 quadras uptown eu estou no Central Park. É o lugar mais barato que achei e tem incluso duas refeições diárias (café da manhã e janta durante a semana, e café e almoço nos fins de semana). Além disso as freirinhas tentam ser calorosas e vão de porta em porta dizer boa noite. O lugar é antigo e eu tenho um quarto compriiiido só para mim, com 3 armários, escrivaninha e uma pia inclusa. E aqui também está incluso uma rede wireless e o aquecimento no inverno. Tem uma brasileira morando aqui, que é muito bacana e já me ajudou um monte, e me deixou a par de todas as fofocas... então vamos para a segunda parte...
Pontos negativos:
Tenho horário para chegar: o lugar fecha as portas às 10:30 na semana, e 11:30 na sexta e no sábado. Se eu quiser sair, ou então se eu tiver uma apresentação a noite (o que é bem plausível) eu tenho que me virar e arrumar um lugar para dormir. E ainda, se eu dormir fora eu tenho que deixar por escrito numa agenda que fica na secretaria, previamente anotado, o dia e um telefone de contato. Moral da história: controle absoluto... Ahhh e tem um quadro/tabela na entrada do local com o nome de cada uma das moradoras e do lado um magnético que temos que sempre mover para in/out conforme entramos e saímos do pensionato.
Tem uma cozinha por andar e que não é lá muito cheirosa. Por enquanto estou deixando meus gelados por lá, mas estou tentando arrumar uma mini geladeira para o meu quarto. Ás vezes as pessoas roubam a sua comida, segundo a minha amiga brazuca. E ela também me contou que está sendo perseguida por uma das freiras, não vou entrar em detalhes porque afinal isso aqui é a internet e não estou afim de sofrer um inquérito da igreja católica.
Também descobri porque o meu quarteirão é fedido: tem um lixão aqui do lado. E também tem dois prédios tipo o Copasa de cada lado do convento...
Mas aqui é bem seguro e eu estou pertinho de lugares muito bons.
Também descobri ( e já desconfiava) que isto aqui foi um hospital. Tudo tem muita cara de hospital, inclusive minha cama tem cara de maca e tenho uma poltrona antiga com cara de familiar do paciente... Já fui avisada para não ir no basement de madrugada, porque as freiras deixam acesas uma meia luz azul macabra e a mente pode ser tricky... também não estou muito feliz com a idéia de ver espíritos vagando por aí, então a noite me mantenho no meu quarto. Se bem que sou bem segura quanto a isso: cada mente atrai o tipo de coisa compatível com o seu pensamento. Mantendo-me feliz e tranquila não tenho com o que me preocupar.
...........
E por último, porque este post está muito longo e chato: ontem dei conta de quase todos os itens da minha to do list que postei aqui. O único problema é que eu - burra - fui justo na loja que era na rua 45... sendo que ontem era Brazilian day (ruas 46,45,44,43,42) e eu estava usando a camisa do Brasil!
Onde eu estava com a cabeça? Eu odeio muvuca, aglomeração e coisa com cara de carnaval. E vamos combinar... aquilo tava uma zona. Passei pelas barraquinhas de coisas brasileiras e resolvi perguntar o preço de um acarajé... 7 dólares (14 reais???wtf?) Não estou longe do Brasil há tanto tempo assim vai... Enfim, foi instrutivo: eu não gosto de bagunça meeesmo.

Sunday, September 5, 2010

Penúria, lere lere, vida doméstica, laia.

Meus mais novos pertences: 1 colher, 1 garfo, 2 facas, 1 prato raso, 1 copo e algo que me parece com 1 fruteira. Tudo finge que é de metal, mas desconfio que sejam de pRástico...

Agora vou em busca dos outros itens de necessidade básica:
cabides
1 prato fundo
pano de prato
detergente e bucha (muito necessário)
1 (micro) toalha de mesa
guardanapos
amaciante
pano de chão
álcool (não o de beber...)
produtos cheirosos que eliminem cheiro de velho e guardado
1 lençol
1 colcha
1 cobertor
2 toalhas de rosto
1 toalha de banho
1 pasta de dente (PELO AMOR DE DEUS)

Indo para o kmart ou o para o tal do jack´s world...

Convento

Obrigado a todo mundo que anda lendo isso aqui.
Tenho sentido que a minha conexão com o Brasil é mais fácil graças aos comentários que recebo!
(E imagino que tem gente que não consegue comentar ou que não gosta de se expor...)
Fico feliz assim mesmo.
Logo mais (se aqui no lugar onde me mudei a internet resolver cooperar) eu escrevo relatando minhas impressões da primeira semana de aulas na Tisch.



E SIM eu me mudei para um convento...
hahaha...
Sem piadinhas sobre o assunto
(vulgo... eu aguardo os comentários)

Friday, September 3, 2010

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