Sunday, August 29, 2010

Só sobre a solidão...



(Hoje estou fragmentada, então meus pensamentos vão assim mesmo.)

É tanto tempo andando por aí sem ninguém com quem dividir meus pensamentos.

Parece que eu vou explodir se eu não escrever. (Sabe aquela sensação da penseira?)

Enfim... acho que a solidão nos dá tempo para pensar e filosofar sobre tudo.

O que exatamente significa a solidão?

Ela é no mínimo engraçada.

Eu tenho estado sozinha e me perdendo na multidão.

De vez em quando rio, as vezes choro. Mas na maior parte do tempo só fico observando e pensando sobre tudo.. e sobre nada.

Adoro oposições, para mim elas movem e estabilizam o mundo.

Onde eu estava com a cabeça? Eu sou tímida e medrosa!

Mas sou proporcionalmente teimosa, portanto só volto daqui com (pelo menos) um diploma.

Friozinho na barriga.

Fim da marmata e da semaninha de reflexão, férias e solidão. Amanhã começam as aulas num lugar completamente novo.

Verão - aleatório e bobagens - frutos da solidão.


Ta aí... nunca pensei que eu fosse morrer de calor por aqui, mas ando derretendo...

Após uma semana aqui tenho várias considerações toscas, fúteis e aleatórias:
(Mas que nem por isso não passem por um viés filosófico...)

- O que os new yorkers tem com parques? É tanta gente no central park, no pier 1.. ou em qualquer parque pequeno. É um hábito lindo, mas bem diferente do que sempre estive acostumada. No Brasil você vai andar em um parque, sentar num banco de praça, leva as crianças para brincar. Aqui todo mundo faz piquinique (com cardápios variando do sushi ao vinho), toma sol de bikini, leva uma toalhinha um cachorro e um celular e fica hanging there, simplesmente...

-Pensei que NY tava mais para SP do que para RJ, mas pelo visto essa cidade é all in one!

- E, ou eu sou muito quadrada, ou esse povo é muito para frentex... A galera de bikini ( ou topless!) pegando sol na grama no meio do central park, enquanto muitos turistas andam para cima e para baixo, enquanto simultaneamente acontece uma sessão fotográfica de um casório??? What the heck? É um mix total de gente e de coisas...

-Para não falar nos modelitos: a impressão que dá é que é absolutamente permitido qualquer coisa. Eu sempre fui neurótica com tamanhos de roupa, principalmente shorts, porque ninguém sai por aí com as pernas de fora. Bom, exceto aqui, onde se usam os shorts e saias mais curtos que já vi. E tenha o tamanho que for...

- Também cheguei a conclusão que essa cidade só é um paraíso consumista se assim você quiser. Meu bichinho consumista esteve perfeitamente controlado, enquanto meu monstrão faquir senta em cima dele e garante que ele fique reprimido.

- Quando meu bichinho consumista e o meu monstrão faquir chegarem num acordo vou adquirir uma bicicleta para entrar nessa onda de transporte ecologicamente correto. Isso porque bicicleta aqui é bem viável. Cheio de ciclovias e ciclistas kamikazes convivendo harmonicamente com pedestres e carros.

- Antes de chegar aqui tanta gente me recomendou que eu tomasse cuidado com outras pessoas. E ouvi também que eu devia prestar atenção ao atrevassar as ruas ( vê se eu mereço?). Mas eu cheguei a conclusão que o maior perigo aqui é ser atropelado por uma bicicleta ou cair em um buraco.

- Por falar em buraco: eu estou começando a acreditar que existe uma cidade subterrânea em NY, onde vivem criaturas subhumanas. Sei lá... tem buracos fundos, bueiros, linhas e mais linhas de metrôs, parece até lógico achar que tem algo além. Só sei que eu morro de medo de cair num buraco.

- Mais um fato pitoresco from NY: essa cidade tem os menores e maiores cachorros que já vi. Ou seja, as pessoas ou andam com cachorros com tamanhos de rato, ou com cachorros com tamanho de cavalo. ( E que ironia... os ratos tem tamanho de cachorro...)

Concordo Andy: também prefiro a imagem do que a bula.

Será que nas proximas semanas - quando eu parar de me perder em NY - eu consigo ir visitar sua exposição?

Friday, August 27, 2010

Estação, trens e o céu.


Toda vez que pego um metrô eu perco a minha noção espacial. E noção espacial é algo que faço questão de ter...
Saio da estação sem saber onde é cima, baixo, direita e esquerda. Daqui a pouco não vou ter mais certeza nem de onde o céu está.
Saio de ponta cabeça.


E não posso perder o céu, não é mesmo?

Chinatown.


Me perdi muito hoje.
Foi engraçado no começo, mas agora estou exausta.
Depois relato tudo em detalhes.

Por enquanto:

Chinatown.
Muita gente.
Solidão na multidão.
Cores. Amarelo e vermelho.
Restaurantes italianos no meio da China?
Yakissoba.
Sol.
Ruelas.
Ponte.
Queria ter uma máquina fotográfica para registrar.
Brooklyn.
Parque.
Luz.
Escuro.
Por do sol.
Frio.
Solidão de novo.
Me perdi mais.
Cansaço.
Casa?
Fome.
Saudade.
Fim do dia.

Wednesday, August 25, 2010

Campbell´s tomato soup...






Alimentação é sempre uma preocupação constante na vida de uma bailarino.
Desde que começei a organizar minha mudança para NY fiquei pensando como ia me virar sem o arroz e feijão de cada dia. Minha família, conhecendo minhas tendências para faquir (não gosto de gastar e não experimento qualquer coisa) tem me atormentado para saber se estou comendo direito... É óbvio que não! (Mas calma mãe se você ver isso), apenas significa que eu estou perdida dentro de tantas opções diferentes e que vou precisar de um tempo até me adaptar.
Dentre as coisas estranhas que passaram no meu cardápio houve o vegan wrapp (com beringela, abacate, abóbora e alface), e sopa de lentilha (com tempero picante).
Achei que ser vegetariana era um problema, mas pelo que estou vendo esta cidade é o melhor lugar para os vegetarianos que já vi. Sempre há opções veggies nos cardápios. E pelo visto aqui eu vou até conseguir radicalizar e ficar sem comer peixe...
Passei na Union Square enquanto eu deliberadamente me perdia em NY (foram 2hs e meia going downtown today) e achei um Brownie master na feirinha que trouxe para comer de sobremesa no jantar. E como prato principal optei por algo baratex (porque eu sou uma muquirana de plantão) e comprei uma das famosas Campbell´s soups... esquentei no microondas e voilá!!! Pronto meu jantar. Adorei e vou aderir...
Quer coisa mais americana do que estas sopas? E tem como mencionar Campbell´s e não lembrar do Andy Warholl, símbolo New yorker?




Tuesday, August 24, 2010

from NY


Now it´s done.

Após angústia, expectativa e muita batalha estou finalmente aqui em NY.
Começei este blog há alguns meses para arrumar uma maneira de dividir esta minha experiência com tanta gente que espera notícias.
A última semana, anterior a minha mudança, foi marcada por muitas despedidas e muita gente me ajudando. Nunca esperei ter recebido tanto carinho! Só tenho agradecer pela oportunidade que me foi dada e principalmente por cada pessoa que me trouxe até aqui.
Recebi visita das minhas amigas mais queridas da facul; recebi muitas cartas de alunas quando menos esperava; ganhei uma festinha surpresa; com dificuldade disse tchau para minhas alunas queridas da JO e recebi a dedicação das melhores tias do mundo que procuraram garantir que eu conseguisse chegar aqui...
E fui me despedindo aos poucos de cada um. O mais difícil sem dúvida foram aqueles realmente próximos no qual sou mais ligada...meu noivo (que invadiu meu blog abaixo), minha mãe, pai, irmã, irmão e melhor amiga.
Tive a honra de ter todos esses, somados as primas, tia e avós me levando no aeroporto. E algumas coisas que acontecem nos surpreendem sobremaneira, não? Uma demonstração de emoção do meu irmão é equivalente a nevar no Ceará e não é que até ele, que é alguém que tem um poder muito grande sobre mim, se emocionou? Segundo meu pai o problema de falta de chuva diminuiu depois de domingo. Eita família chorona, é por isso que eu sou assim.
Quando entrei no portão de embarque deixando meus entes mais queridos para trás me senti trazendo um exército de gente morando dentro do meu peito, como se cada pessoa que torceu por este meu sonho estivesse indo junto comigo. Nunca me senti tão feliz e amada...
É claro que todas as despedidas foram muito tristes, pois não é fácil deixar para trás uma rotina e o conforto da sensação física daqueles que você ama. Mas tudo isso se fez necessário para que eu pudesse vir para cá perseguir um sonho de crescimento pessoal e profissional.
Foi engraçado como todo o meu percurso até NY foi marcado por pessoas bacanas. Parece que neste processo eu deixei de ter só uma mãe, mas passei a ter umas 10!!!
Logo na espera do portão de embarque encontrei um casal de americanos que começou a bater papo comigo e em seguida eu já estava escutando: NY is a big town, be always aware, you can get lost if you party too much (I´m not a party girl..) and stuff like that.
No avião fui meio maltratada pelas aeromoças que não gostaram muito deu ser vegetariana e ter ousado perguntar se tinha alguma opção para meu caso. E depois uma delas quase enfartou pq eu fui passear pela primeira classe em busca de um toilet ( pois o da minha area provavelmente tinha uma pessoa morta/dormindo dentro). "This is off limits"... mas meu humor tava tão up que não me senti intimidada com gente chata e grosseira.
E meu "amigo" judeu (de chapelão e barba) que estava sentado ao meu lado foi mais uma boa alma cruzando meu caminho...
Ao chegar em NY a alfândega foi tranquila, fora o fato de termos que assistir o vídeo institucional "welcome to America" umas duzentas vezes durante o período de espera na fila. O oficial da imigração ainda puxou papo e me perguntou se eu ia ficar famosa (pq as pessoas sempre acham que quem faz arte em NY necessariamente vai ficar famoso?). E um outro guarda (o das malas) me perguntou onde eu ia: ao mencionar dance, tisch school of arts e NYU na mesma frase o guarda disse que ia me dar um presente... pediu um papel e anotou um código de desconto para convidados para o musical Fela! Me senti com uma estrela na testa...
Com muito custo levei as malas pesadíssimas até um taxi. E olha o nome do meu amigo taxista : Islam Mohamed... isso é NY, sem mais comentários. Fui perguntando tudo para ele feito uma matraca e ganhei de quebra um tour dos bairros/ regiões do trajeto JFK ao Lower East Side.
E neste momento veio a parte mais complicada de toda a viagem: subir 5 andares com uma mala enorme de 30kg, outra menor de uns 6kgs, mais duas outras malas de mão pesadas. Fiz duas viagens: na primeira levei as menores e na segunda retornei para só subir com a grandona.
Fui puxando degrau por degrau e no caminho um moço saiu de algum ap e passou por mim com as sobrancelhas levantadas, um ar de riso e disse: Well... have fun!
Pois é Carol: Welcome to NY!!! Meus dois braços estão arrebentados até agora! ( mas tudo vale a pena - qual seria a graça se eu não tivesse uma história para contar?)
Enfim... desde então tenho corrido atrás de me ambientar e organizar tudo que preciso na NYU. E além disso continuo numa busca desesperada por um local para morar...
É isso...
Agora vou escrevendo minhas impressões aos poucos... Tenho tanta coisa ainda por escrever.
É um mundo novo, pessoas malucas por todo lado e culturas diferentes transbordando pela cidade.
Estou amando cada detalhe daqui e tenho a certeza que esta é a minha cidade favorita desde já!!
Finito então...


Monday, August 23, 2010

INVASÃO



AMAR SE APRENDE AMANDO


"O ser busca o outro ser, e ao conhecê-lo
acha a razão de ser, já dividido.
São dois em um: amor, sublime selo
que à vida imprime cor, graça e sentido.

"Amor" - eu disse - e floriu uma rosa
embalsamando a tarde melodiosa
no canto mais oculto do jardim."

postagem by Nicolas "Pirata"

Friday, August 20, 2010

Just for fun!



Porque este bebe definitivamente está fora da casinha...



Porque eu falo e ninguém acredita: quando a gente dá aula para criança não dá para piscar...

Muito menos ouvir a história sobre a viagem de férias das alunas, porque em meio segundo já tem umas duas penduradas no ventilador; alguém já enfiou o dedo no olho de outro alguém (ou numa tomada); espelho caiu na cabeça; ou a barra despenca em cima dos pés de todas as alunas (sim... isso já aconteceu comigo)!

Tuesday, August 17, 2010

Sem mala.




Ainda não fiz muito progresso.
Mudar significa escolher o que vai e o que fica.
O que é importante e o que é supérfluo.
Significa desapego e coragem.
...
Ainda não fiz a mala, mas faltam só cinco dias.
O que levar?

Se fosse uma mala mágica eu faria o seguinte:
-levaria um teletransporte para eu poder toda noite dar um beijo no meu noivo e na minha cachorra.
-levaria miniatura das pessoas queridas em potinhos de azeitona
-levaria uma máquina de fazer comida vegetariana e outra de fazer comida japonesa.
-levaria minha Gaynor que viria com balance e giros inclusos.
-levaria meu sapato de sapateado normal mesmo
-levaria todas as minhas blusas na cor branca e teria um cachecol e uma polaina diferente para cada dia do ano.
-levaria todas as roupas auto-limpantes.

Progresso Vintage

As vezes eu acho que eu gostaria de ter nascido no passado...
Ops... será que eu já nasci no passado?
dã...

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