Sim mãe.
Devia ter nascido impressionista.
Andei mais uma vez no Central Park e me apaixono pelas árvores e pelos milhões de tonalidades de verde no amarelado das folhas.
O Outono chegou e já está frio.

Se eu pudesse levar vocês ao Central Park junto comigo seriam estes os detalhes que eu gostaria que vocês vissem.

Para mim esse é o lugar mais bonito de lá. (Ainda não andei em tudo, sempre acabo zanzando apenas pelas regiões sul e oeste)
Mas adoro os detalhes de arquitetura.
Os ladrilhos e os desenhos formados pelo concreto e pelo vazio.
As sombras que se formam.
Os relevos.
As luzes que atravessam os tantos tuneis espalhados pelo parque e causam imagens tão belas que minha máquina não consegue captar.

Toda vez que vou andar no Central Park encontro noivas. Desta vez não foi diferente, encontrei duas: Uma de vestido espalhafatoso, andando com seu exército de fotógrafos, um moço que talvez fosse o marido (mas não parecia ser de muita relevância) e duas madrinhas com a única função de carregar a cauda do vestido. E outra noiva com seu marido, seu vestido romântico e delicado, um fotógrafo discreto.

E os artistas de rua, então?
Tem sempre música.
As vezes eu corro por lá e passo por um túnel onde uma cantora solitária canta La vie en Rose na acústica ampliada do túnel. Estou em NY ou em Paris?
Tem sempre um show.
Adoro quando tem alguém tocando contrabaixo no metrô.
Ou então Mariachis.
Ou New York New York.
(E tem sempre alguém passando o chapéu!)
Mas esse pai e filho tentando ganhar um dinheirinho fazendo bolhas de sabão gigantes foi lindo.

Não.
Não passo minha semana só turistando.
Passo minha semana só correndo, estudando e trabalhando.
Dança dança e dança.
Minha última semana foi o cão.
Foi a mais difícil de todas.
A saudade bateu como nunca.
Doeu.
Mas eu amo essa cidade e amo viver aqui.
Mesmo estando sozinha.

Acho que nunca vou cansar de passear lá.
Estava batendo a cabeça na parede do meu quarto cubículo, sozinha.
Sábado ao anoitecer. Ninguém no skype.
Todos meus amigos e familiares na festa de 1 ano da minha afilhadinha do coração.
Onde não pude ir.
Tantos trabalhos por fazer. Leituras, diários de espetáculos, de aulas.
Assignment impossível do meu professor ditador de música.
E nada saia.
Deu cinco minutos e fui andar sozinha no Central Park e tirar estas fotos aqui.

Sabiam que a maioria dos bancos tem uma plaquinha como essa aí em cima?
É lindo ficar apenas lendo e pensando nestas pessoas. Nestas homenagens despercebidas, mas sempre presentes.
Sentei na mureta da beira do lago onde tem a boat house e fiquei tirando fotos.
Fiz algumas tentativas fracassadas de tirar fotos de mim mesma.
Uma senhorinha chinesa (sempre as chinesas não é mesmo?) apareceu do nada, olhou para mim com carinho e meio sem jeito e perguntou se eu não queria que ela tirasse uma foto minha...
Então segue uma foto comigo dentro:

Nas próximas três semanas estarei endoidecida com as minhas apresentações.
Tenho a estréia da minha coreografia em duas semanas.
E danço na coreografia de uma amiga em três.
Então talvez eu não consiga escrever muito.
Mas já viram que eu estou inteira.
luv
k