Sunday, September 4, 2011

Achar um apartamento em NY - uma odisséia em quatro dias

(Como estou devendo posts agora vem um em grande estilo: alerta de post ultra gigante!!!)

....

Estudar feito uma condenada;
Passar no vestibular;
Me formar na Unicamp;
Entrar no mestrado na NYU,
Morar sozinha num convento em NY por 1 ano;
Organizar um casamento, com pequeno orçamento, em dois meses;
Casar;

Tudo foi muito fácil.
Mas muito fácil mesmo...
Principalmente se comparado à missão impossível que foi alugar meu primeiro apartamento em NY.

...

Chegamos bem.
Eu e o Nicolas fizemos um vôo com escala em Houston, totalizando 15 horas, passamos por um oficial da embaixada inicialmente mau-humorado, e que depois fez graça com o Nicolas, e então chegamos no aeroporto La Guardia em NY, nesta última terça.
Viemos direto para a casa de uma amiga minha americana, que gentilmente ofereceu para ficarmos na casa dela enquanto precisássemos e estivéssemos procurando apartamento.
Do momento que chegamos em NY nós começamos a ligar para os anúncios de aluguel que havíamos nos interessado, vistos pelo craigslist.
(O craigslist é a bíblia de alguém procurando casa em NY.)
Isso porque esta cidade lunática tem um sistema de aluguel rápido como em nenhum outro lugar do mundo.
É a lei de quem chega primeiro, de quem oferece mais dinheiro, de quem dá sorte.
Se é que existe tal coisa como a sorte.

Como eu sabia que apartamento em NY era algo que só se fecha na hora, sequer adiantava muitas pesquisas antes de vir para cá.
Quando eu tentava entrar em contato com um corretor via e-mail e mencionava que eu era brasileira, estudante e estava no Brasil, as pessoas sequer me retornavam.

Mas e o meu desespero e do Nicolas ao descobrirmos que a reação destes corretores conosco aqui também não era muito diferente?

Parece que o peso do mundo vem às costas.

O Nicolas passava o dia fuçando na craigslist, e em sites de imobiliárias. E eu grudava no telefone, ligando e esperando as pessoas me retornarem, tentando desesperadamente agendar para ver uma casa que fosse, para me sentir pelo menos perto de achar um local para morar.

Imagine-se chegando num outro país e tendo que ligar com uma burocracia que você não conhece, não entende.

Era ter que conseguir algo ou ir morar debaixo da ponte.

O primeiro dia

No dia que chegamos fizemos algumas ligações.
Nada.
Ninguém ajuda.
A menos que nós conseguíssemos arrumar um americano que se responsabilizasse por nosso aluguel um guarantor (tipo fiador) ou pagássemos um ano adiantado (teríamos que vender os dois rins e a alma e nem assim daria) nenhum corretor conversava com a gente.
Neste dia fiquei sabendo de uma amiga que estava vendendo todos os móveis dela e entrei em contato perguntando.
Não é que a menina me ligou?
Eu e o Nicolas, após uma viagem internacional, e estando há mais de 36 hs acordados, marcamos de ir na casa dessa menina (por volta das 23:30) e ver os móveis dela.
Ficamos lá até 1:30 da manhã.
E adquirimos cama, sofá, mesa, cadeiras, itens de cozinha, tudo por uma bagatela.

Mas mesmo assim ainda não havia apartamento para levar estas coisas...

O segundo dia

Acordamos cedíssimo, pois parte do trato era que ajudássemos o pessoal da mudança já que não tínhamos para onde levar os nossos novos móveis. E então esta amiga (e outras pessoas) levariam nossas novas coisas para um storage (armazém).
Não vou contar tudo em detalhes, mas vamos dizer que toda esta história envolveu alguns vários estresses e muito carregamento de peso.
E o Nicolas aprendeu que aqui nada é de graça, uma pessoa não dá a mão para ajudar. É muito raro. Tudo se cobra. Nós dois tivemos que levantar móveis pesados enquanto as pessoas que ajudamos viraram as costas e saíram andando.

Depois dessa farofa eu e o Nicolas fomos numa corretora.
E lá, mais uma vez, ouvimos um não.
Ligávamos e ouvíamos não.
Simplesmente procurava apartamentos feito uma maluca, mas ninguém nos permitia ver nada.
O sistema conspira contra um aluno internacional. É uma missão quase impossível achar alguém que converse conosco.

Em um ato de desespero, abandonamos a nossa ideia e sonho de permanecer morando em Manhattan e resolvemos pegar um metrô para o Brooklyn.
Lá achamos algumas corretoras, e conseguimos falar com uma mulher que parecia mais disposta a nos ajudar.
Mas o Nicolas odiou a imobiliaria. Saiu com a impressão que eles não iam nos ajudar, e só queriam empurrar a primeira coisa que fosse só para eles venderem.
Andamos pela região linda de Williamsburg (ainda no Brooklyin), e ficamos sonhando em morar ali.
Mas todo corretor nos desistimulava e dizia que era impossível achar algo lá pelo preço que podíamos pagar.

Voltamos para a casa da minha amiga derrotados.
Eu não conseguia sorrir.
E eu não via nenhuma perpectiva alegre à nossa frente.
Parecia impossível.
Por poucas vezes me senti tão triste e deprimida.
Quando foi de madrugada recebemos a notícia que tínhamos conseguido uma pessoa disposta a ser nosso fiador (guarantor).

O terceiro dia

Acordamos.
O Nicolas, luz da minha vida, levantou e me disse, to sentindo que é hoje que a gente vai encontrar nosso apartamento.
Mais uma vez levantamos às 7hs e saímos de casa cedo. ligando para os lugares que haviam nos dito não e explicando que agora tínhamos guarantor e queríamos ver opções de apartamento.
E não é que em todo lugar que ligávamos agora nos diziam: o apartamento que vc está procurando já foi alugado, não tenho nada na sua faixa de preço, não posso te ajudar.
Acredito que devo ter ouvido isto de pelo menos umas dez pessoas/empresas diferentes.
Lá para a tarde conseguimos falar com a mulher que havia sido um pouco mais solicita no dia anterior.
E então finalmente, lá fomos nós ver o primeiro local que nos deixaram ver...
Chegamos lá na região do apartamento e mais uma vez o alarme de perigo embutido no meu marido ligou. Ele torceu o nariz no instante que saímos do metrô e começamos a andar até o apatamento que íamos ver.
O apartamento que a mulher nos mostrou tinha 3 quartos, e o preço era muito mais baixo do que todos os outros lugares que tentamos pedir para ver. Estava aí já um sinal ruim.
mas eu estava desesperada.
Eu achei que nós íamos morar debaixo da ponte, que não havia mais nada possível para a gente.
Eu ia fechar ali mesmo...

Mas graças a Deus meu marido bateu o pé.
Falou para nós procurarmos ver pelo menos mais um lugar e aí tomarmos uma decisão.

Saímos do Brooklyn e voltamos para Manhattan para podermos acessar internet e vasculhar no craigslist mais uma vez.

Lembro que saí do metrô, coloquei meus óculos escuros e as lágrimas iam caindo enquanto eu andava ao lado do Nicolas, apertando a mão dele bem forte e rezando tudo que eu sei rezar. Eu teria andado a esmo se não fosse o Nicolas do meu lado dizendo que nós íamos encontrar.
O dia estava lindo, de sol, pessoas felizes na rua, e eu não conseguia ver nada, tamanho o pânico que assolava o peito.

Tenho vergonha de mim mesma. Parece que só quando eu passo por uma situação muito difícil é que consigo rezar de verdade. Deveria saber ser agradecida todos os dias, e não só naqueles dias de desespero.

Chegamos na NYU (para pegar a internet do prédio) e ficamos sentados (mais uma vez) na escadaria, fazendo o nosso serviço de sempre. procurando, ligando, pedindo e esperando.

mas parecia já ser diferente. Outros apartamentos tinham aparecido na lista. coisas novas.
Ligamos para um, outro, nada.

Então ligamos para um anúncio que gostamos e finalmente o cara atendeu. E topou nos encontrar em 45 minutos, na frente do apartamento, para nos mostrar.

Saímos literalmente correndo para o metrô.

No caminho eu e o Nicolas nos olhávamos e ele me dizia: "Acho que é esse nosso apartamento,vais ser esse".

Encontramos o simpático broker Michael, gostamos dele na hora.

A região do apartamento é o Upper East Side, em Manhattan, uma das minhas primeiras opções.

Pisamos no apartamento, pequenininho, lindo, fofo. E soubemos que ele tinha que ser nosso.

Na hora fechamos com o broker. Mas o negócio ainda não estava fechado, teríamos que ser aprovados pelo landlord (o proprietário). Mas isso ficaria apenas para o dia seguinte.

Parecia que o mundo voltou a ser colorido. No resto do dia sentamos pela primeira vez em um banco em NY. Saímos da nossa futura casa e fomos em direção ao Central Park (Isso! Continuarei morando do lado do meu amado Central Park).

O coração desacelerou um pouco.

O quarto dia

Acordei e me lembrei que passei a noite sonhando que mobiliava e decorava o apartamento que tínhamos visto com os móveis que tínhamos comprado.
Aordei um pouco nervosa, com medo deassinar a papelada, sem ter muita noção do que ia fazer.
Nunca tinha alugado um apartamento nem no Brasil, qunto mais em NY!!!

Mas tudo deu certo.
Consegui mandar as papeladas, encontrar o corretor no escritório, assinar tudo. E fui conhecer o landlord no meu novo ap.

Nesse meio caminho descobri que o corretor que fez as transações, além de tudo vai ser nsso vizinho de cima! O Michael, um corretor de uma firma super bacana não moraria naqele prédio a menos que ele valesse a pena, né?

E o nosso landlord, natural da Rep. Tcheca, que já visitou o Brasil, foi super solicito.
E nos entregou as chaves do nosso apartamento naquele dia mesmo.

O único problema foi que não pudemos nos mudar imadiatamente. O ap está pintando e só na quarta-feira vamos poder nos mudar.

E assim nossa odisséia de alugar um ap em NY acabou com final feliz.

E eu finalmente voltei a ter tempo para respirar e hoje pude escrever um pouquinho...




5 comments:

  1. Nossa Carol, que saga pra achar um apartamento!

    Não sabia que era tão difícil assim de arrumar um lugar, ainda mais em NY!

    E fico trsite por saber como as pessoas são ruins e egoístas...

    Fico feliz por vcs terem encontrado um apartamento pra vcs e que tenha dado tudo certo! E agora finalmente vcs vão poder começar a vida de vcs, afinal é a primeira casa do casal recém casado!

    Parabéns!!!

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  2. Praticamente uma aliteração final do meu comment..hehe

    e esqueci de falar q tava com saudades dos posts, e eu tbm não tenho postado, tô enrolando, mas to indo lá agora!

    bjinhos

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  3. O pior Ivy, é que a Odisséia foi até maior. Dei uma editada, mas não resisti e coloquei bastante para vcs terem uma noção do que foi.
    O negócio que fizemos dos móveis foi bom, mas ao mesmo tempo foi muito cansativo e desgastante. E o local que vimos no Brooklyn (em Bushwick) parecia um bairro barra pesada aí no Brasil. Daqueles que dá medo de andar na rua. O Nicolas me arrastou de lá, apavorado, dizendo que não teria condição eu voltar todo dia a noite para um local daqueles.
    Enfim... foi isso. Fico feliz que vc teve paciência de ler tudo isso.
    Todo mundo sempre fala de ir morar em NY, mas ninguém realmente explica quão complicado é o fator aluguel para pessoas internacionais aqui!!!

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  4. Nossa, Carol, que odisséia! Tava aflita ao ler a história, hehehe. Mas fico feliz que tenha dado tudo certo pra vocês... toda a sorte do mundo aí :)
    Bjs!

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  5. AAHHH!!!! Tava ansiosa por esse final feliz, depois de tantos obstáculos!

    O final é sempre feliz, né xu? A gente sabe... =)

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