Tuesday, December 7, 2010

Drops da Tisch Gala.

Ontem na Tisch Gala pude ver muitos big names de pertinho. Billy Crystal, Whoopi Goldberg, Robin Williams, James Franco, etc. A Gala foi em homenagem ao Billy, com o objetivo de arrecadar dinheiro para a restauração do prédio do meu curso e para bolsas de estudos.

....

Olha a diferença com o Brasil: há 25 anos que a Unicamp tem curso de dança e teatro sem um teatro (ou ao menos salas decentes); enquanto a NYU promove uma gala com números de artes e alunos da Tisch ilustres, com ingressos caríssimos... E arrecada 2 milhões de dólares de uma vezada só. Pois é. Dados que a diretora da Tisch apresentou na Gala. Americanos são bons nessa estrutura de mecias da arte. Quem tem dinheiro investe em arte, dá status...

(Observação: não tem nem sentido comparar a NYU e a Unicamp em termos de universidade. Eu sou filha das duas igualmente. Mas a minha crítica em termos de Brasil se refere a forma como a sociedade se relaciona com "produtos" artísticos. Aqui, trabalhar em arte tem perspectiva. Há possibilidades e possibilidades. No Brasil é uma guerrilha. O governo ignora e praticamente não existe iniciativa privada.) Vide o fato que eu sou uma das únicas brasileiras a ter entrado neste curso, sou a única representante da américa latina neste mestrado e tenho implorado por bolsas no Brasil, mas parece que o que eu faço não é importante. Preciso de ajuda e cadê? (momento chorando as pitangas-ignorem!)
Tem tanta gente tão talentosa no nosso país. E se o Brasil valorizasse mais trabalhos artísticos queria ver aonde íamos parar...

...

Enfim...voltando ao assunto:
Além de ter sido uma honra ter ido, foi muito interessante poder observar e ver como funciona toda a estrutura de um evento como este (tipo Oscar, Grammy, etc.).
Me diverti olhando para o prompter gigante no fundo da platéia, que guiava os oradores. Eu sentei no terceiro andar (consegui um dos poucos ingressos de estudantes por preço de banana), mas a visão era boa tanto para o palco quanto para ver os ilustres na platéia de honra.

Também fiquei boquiaberta com a quantidade de gente talentosa (e famosa) que saiu da Tisch. Parece que o Billy teve aula no prédio em que eu faço aula agora. E ele estudou com o Martin Scorsese, que o ensinou a editar numa moviola. Surreal. E o James Franco (o ator que faz o melhor amigo do Homem-Aranha) está atualmente fazendo Tisch, entre um filme e outro.

Foi fascinante ouvir histórias. O prédio em que estou todos os dias fazendo plié, o 111 Second Ave, foi muitas coisas. Inclusive um local onde o pai do Billy Crystal, um produtor musical, organizava um clube de Jazz - o club Central Plaza- onde nasceram grandes nomes do jazz americano.

....

E os números musicais então? Quando penso na imitação barata que nós brasileiros tentamos fazer desta estrutura de musicais americanos eu fico até com coceira.
Não estou de forma alguma depreciando os artistas desta área da dança no Brasil, pois eu me incluo ali. Já dancei vários trechos de musicais e recentemente fiz uma remontagem do All that Jazz (que tive o prazer de desfrutar via youtube!!!).

Quando digo imitação barata é porque a qualidade aqui neste tipo de trabalho é absolutamente fora do normal. São muitos anos de tradição fazendo. Enquanto no Brasil há pouco tempo que estamos copiando. Então as nossas habilidades nestas superproduções que aliam canto, dança e teatro é muito pequena... ainda. Mas tem muita gente investindo e tenho certeza que vamos descobrir a nossa maneira de fazer espetáculos "musicais".

....

Mas no final das contas eu escrevi tudo isso porque queria mesmo era que meu pai tivesse ido comigo... Pois só vendo uma pessoa ao vivo, falando, você já consegue ter a noção de como ela é, não é mesmo? E meu pai sempre adorou o Billy Crystal, enquanto eu sempre achei que ele fosse um comediante mala. Mas eu me provei errada e fiquei encantada com a história de vida deste ator.

Enfim. É isso.




4 comments:

  1. Nossa, parece um filme isso. Ou um sonho. Mas é sua vida de verdade...

    Muito jóia, xuxu!

    ReplyDelete
  2. Que oportunidade maravilhosa, hein, Carol!

    Quanto às comparações entre valorização das Artes no Brasil e nos EUA, acho que a questão é que infelizmente tem muitas coisas para serem melhoradas antes de se investir em arte: educação, saúde, transporte público, moradia, saneamento básico, segurança etc ect...

    Quando você passar por aqui pelo Brasil, temos que assitir a um filme juntas (eu tenho uma cópia). Ele se chama "Carregadoras de Sonhos" e é um documentário sobre o dia-a-dia de quatro professoras de escolas públicas de Sergipe. Por exemplo, uma delas dirige 30 km de moto em uma estrada super empoeirada e cheia de pedras para ir(e outros 30 km para voltar de) dar aula em uma escola que é um simples galpãozinho cheio de crianças que esperam por sua presença avidamente todo santo dia! A outra vai de "pau-de-arara" - um caminhão que sacode horrores- enfrentando uma jornada diária sobre-humana...

    Ou seja, estamos mesmo anos-luz distantes da infra-estrutura americana...

    Voce já sabe do meu pensamento sobre isto, não é mesmo?
    Seguro e agito a "bandeira" da educação o tempo todo! Deposito minhas crenças e esperanças de mudança dessa situação brasileira primordialmente através da educação. Sem um ensino público de qualidade, dificilmente conseguiremos reverter esse quadro!
    Mas acredito que, no dia que houver um investimento significativo nessa área, as coisas começarão a mudar! Aí dará para pensar em investir em cultura!

    Tive o mesmo choque cultural que você está tendo agora- tanto na ida para fora do Brasil quanto na volta (e, acredite-me, o choque na volta é bem pior!)- mas hoje eu batalho intensamente para tentar dar minha pequena parcela de colaboração por aqui pelo Brasil. E faço isso com muito prazer e alegria!

    Enfim, realmente há muito para ser feito por aqui!

    Bjo grande e, mais uma vez, parabéns por aproveitar com tanto afinco as oportunidades que lhe aparecem por aí!

    ReplyDelete
  3. Ai, que orgulho que eu tenho da tia Adriana tbm! ;)

    Tbm levanto essa bandeira, vide a conclusão da minha monografia!

    ReplyDelete
  4. Mami!!!
    E vc não sabe que eu sou sua filha, não?
    É lógico que eu também levanto a bandeira da educação. As coisas só tem soluções quando há um esforço conjunto de mudar as bases dos problemas.
    Eu concordo em tudo o que você disse sim.
    Só estava descrevendo uma parte da minha experiência aqui, que se relaciona especificamente com a maneira como a população recebe a arte. E isto também é educação.
    Mas só porque eu tive a oportunidade de experimentar um pouco do "grandioso" da arte em NY, não significa que eu fechei meus olhos para o mundo.
    Que nem no dia do colar: não há um dia que eu não questione as dissiparidades sociais nesta cidade. Como tantas pessoas, que tem muito, podem passar pelo metrô e pular aqueles que dormem em cima da saída de ar quente? Como ignorar aqueles que andam praticamente desnudos e que não tem perspectiva nenhuma?
    E todo dia eu me sinto culpada, por ter que me juntar ao coro da multidão e passar rapidamente por estes ilustres abandonados do mundo.

    ReplyDelete

ShareThis