Monday, October 10, 2011

Tour tipo CVC e o Jean Pierre Norris

AVISO: 2 posts gigantes em 1.

Hoje é o Columbus Day, um dos poucos feriado existentes aqui.
Então tivemos um final de semana prolongado com uma segunda off, graças a Deus.
Mas o feriado acabou sendo bem ocupado.
Sábado tive um workshop de grant writting (que venho tendo nos últimos sábados) e ensaio do meu projeto de filme-dança.
Domingo encontramos uma amiga minha brasileira que está por aqui.
Marcamos de nos encontrar no Strawberry fields, o memorial do John Lenon no Central Park.
E acredita que ontem era aniversário do John Lenon?
O lugar está sempre vazio, mas ontem estava uma muvuca.
Só brasileiros mesmo... para termos (sem querer) um ponto de encontro de programa de branco.
Mas eu encontrei minha ex-aluna de tap, a Ani mesmo assim.
Passeamos pelo Central park, torramos no sol e eu e o Ni vimos o por do sol por lá.
(Só para deixar bem claro, minha vida é bem ocupada, mas nos feriados eu passeio, turisto e aproveito quando tenho pessoas queridas para encontrar! E por pura coincidência este foi o feriado dos amigos brazucas)
E hoje tivemos a visita de uma outra amiga que recentemente se mudou para cá para ser au pair: a Ivy!
A Ivy é nossa amiga querida super íntima e ela chegou aqui há umas duas semanas (ou um pouquinho menos).
E ela não conhecia nada de NY.
Super cuca fresca, ela veio nos visitar e falou que topava fazer qualquer coisa.
Ela não queria nada de passeio turista tipo CVC, então deixou nas nossas mão a escolha do que iríamos fazer.
Escolhemos por pegá-la de manhã na rodoviária (é... tem uma rodoviária em NY que por sinal é bem parecida com as rodoviárias de São Paulo e de Campinas) e andarmos com ela para almoçar estilo piquenique no Central Park.
No caminho passamos pela Time Square, que estava milagrosamente tranquila.
Um dos telões de lá filma um trecho da Time Square ao vivo e é possível ver a gente da tela, mas em geral tá sempre muito cheio de gente e não tem graça.
Paramos alguns segundos na frente do telão, e então um cara gigante (já do programa do telão) tirou uma foto de uma parte do trecho e ampliou a foto no telão.
Quase tive um ataque de riso quando só deu eu na foto enorme. A foto pegou um monte de espaço vazio... eu... e parte do Nicolas.
Ainda bem que a Ivy conseguiu tirar uma foto do telão para provar como eu to ficando importante (ha ha - risada irônica) e até saindo ampliada em telões da Time Square.
Enfim, fomos para o Central Park, sentamos numa charmosa área de grama-tapete, embaixo de uma árvore de nozes do esquilo da Era do Gelo, e comemos um almoço tipo americano: pita bread e hummus.
Ficamos lá até o sol ser forte demais para os dois branquelos suportarem (a Ivy e o Nicolas) e então resolvemos fazer um pequeno tour pela cidade com a Ivy.
Juro, era para ser pequeno, a nossa única intenção era levá-la para conhecer Chinatown.
Mas acabamos descendo na Union Square, passando pela St. Marks, descendo pelo East Village, passando pela Little Italy e chegando em Chinatown.
Mas para quê parar aí?
Estávamos andando tão tranquilamente, parando em praças, comendo o restante do nosso lanche...
E continuamos em direção à ponte do Brooklyn, ao Pier 17, pelo Distrito Financeiro e então chegamos no Battery Park, o extremo sul de Manhattan, com uma bela vista da Estátua da Liberdade bem ao por do sol....
E aí acho que o tour ficou meio CVC, com um toque de realidade de quem mora em NY.
Pois andamos demais já que sabíamos ir de um lugar para outro sem se perder.
Pobre Ivy quase morreu de tanto andar.
E assim teria terminado nosso feriado se não fosse a pérola de eu e o Nicolas conhecermos a pessoa mais caricata que eu já vi na minha vida.
Deixamos a Ivy na rodoviária e voltamos para casa podres de cansaço querendo só chegar em casa para jantarmos e dormirmos.
Mas o mundo tinha outros planos para a gente...


...


Tem uma academia de Tae Kwon Do na avenida a caminho de casa.
Sempre que passamos por lá a gente gosta de espiar as aulas, já que uma sala tem a parede de vidro e dá para ficar assistindo.
Paramos por um segundo para olhar e de repente um Senhor que também estava olhando as aulas nos aborda e começa a falar.
Pelos próximos 30 minutos ficamos ouvindo e conversando com aquele Senhor que no final da conversa se apresentou estendendo a mão e dizendo que se chamava Jean Pierre e era francês.

O Senhor deve estar na casa dos 70 anos (talvez beirando os 80), era bem magro e de estatura baixa, aparentava ser um homem que em outros tempos foi atlético, usava calca verde musgo e camisa branca simples. Mas vestia uma boina claramente francesa. Assim meio bolchevique.

A primeira coisa que o Senhor disse foi um palavrão:

- "Crap" (bosta). Esta escola é um monte de %$& crapˆ$ˆ&.
- Olha isso... Aquilo está tudo errado...

E então ele começou a apontar e mostrar as bobagens que o professor estava fazendo, e a explicar como aquela escola era só comercial.
E eu e o Nicolas educadamente perguntamos se ele entendia de Tae Kwon Do.
Isso foi a deixa para ele começar a digredir e nos dar uma aula bem ali no meio da rua.
Primeiro ele explicou que ele era especialista e professor desta arte marcial graças a um curso que ele fez no exército.
E daí ele mostrou como nós deveríamos fazer para nos defender (e nisso digo que ele estava literalmente fazendo as demonstrações no meio da rua e na gente, dando um exemplo de soco e/ou de chute que parava a 1 cm do meu rosto, do estômago do Nicolas, ou da virilha).
Percebemos claramente que o cara entendia muito bem daquilo que ele estava nos falando.
Mas aí, não sei bem como, ele foi falando sobre defesa pessoal e então ele começou a contar como ele se livrou de 11 árabes em Casablanca há uns 6 anos atrás, de uns 6 trombadinhas perto do porto em NY. Como ele já esteve na África lutando, na Guiana, Já esteve no Brasil visitando amigos, lutou na Guerra, conheceu soldados Ingleses, Alemães e sabe lá Deus do que mais.
Explicou sobre sua teoria como é muito mais difícil lutar contra 1 pessoa do que brigar com um grupo. Porque quando vc desarma uma pessoa do grupo todo o resto se desfaz e que quando o seu inimigo é uma pessoa só é mais complicado.
Falou sobre heroísmo e covardia na Guerra. Falou sobre força.
Sobre luta... e nesse meio tempo continuava a exemplificar e nomear as armas, os tipos de lutas, os países diferentes e todo o resto.
Pediu para eu empurrá-lo para ele me mostrar qual a melhor maneira deu me posicionar. E também mostrou como devemos usar nossa energia do corpo ao aplicar um soco ou qualquer outro golpe.
Ao falarmos que eramos brasileiros ele mencionou um monte de lugar e um monte de coisa do Rio de Janeiro.

Sim.

Absolutamente Surreal.

Eu e o Nicolas conversamos com o mestre do Chuck Norris.
O Jean Pierre Norris.

Brincadeiras a parte, a conversa foi muito interessante. (Apesar deu confessar que eu já estava cansada lá para o final e estava me sentindo em estado de sítio no meio de uma guerra cívil.)

Não sei dizer o quanto era verdade ou o quanto era mentira.
Só sei que o Senhor precisava desesperadamente desabafar sua raiva da escola de artes marciais comerciais, e falar um pouco sobre seus conhecimentos.
E era verdadeiro que o Senhor Pierre tinha muito conhecimento de arte marcial...

É isso.
É muito bom um dia simplesmente parar para ouvir o que um senhor desconhecido tem para nos dizer.
Faz a gente pensar no mundo.

Aí ele nos liberou.
Nós dois batemos uma continência (mentirinha).
E fomos para casa.

2 comments:

  1. UAU, que delícia de feriado... Por isso q eu nao achei vc on ontem, né?

    Adoro essas histórias malucas daí...

    =)

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  2. Nossa, não to conseguindo nem andar hoje, meu dedão tá doendo tanto! huahua Mas foi mto bom o passeio de ontem, muito obrigada aos meus guias turísticos particulares! haha

    E eu digo mesmo q vcs são imãs de gente estranha e diferente. Deve ter sido mto legal a conversa com esse senhor, mas me deixa um pouco triste essa história. Além de ele querer desabafar sobre a escola comercial, acho que ele também queria desabafar que ele foi alguém importante e diferente da imagem que ele passa hoje, não sei...poruqe as pessoas o veem apenas como um senhor normal, e as vezes ele quer botar pra fora isso tudo que ele pode fazer....e é triste pensar que ele vai morrer um dia e toda essa vida cheia de histórias e técnicas vai acabar...

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