Thursday, February 10, 2011

Cantinho de um mestre

No último sábado a minha professora de Grad Seminar (escrita/crítica/discussão em dança) - Deborah Jowitt - deu uma Book Party na casa dela para todas as alunas de mestrado.
Eu já me sinto bem a vontade entre minhas classmates e no meu ambiente profissional.
Mas tem certos aspectos da cultura artística intelectual de New York que é simplesmente tão diferente do Brasil que eu tenho que escrever sobre isso.
Quando que um professor no Brasil iria oferecer uma festa na sua casa para que os alunos se sentissem livres para perguntar sobre o passado artístico, sobre livros, sobre assuntos do departamento ou sobre qualquer outra coisa? Se bem que o assunto da festa foi mesmo dança e comida.
Esta professora é uma das maiores críticas da área, mas ela é absolutamente acessível.
Vivo comentando aqui dos espetáculos que ela me leva para assistir, porque geralmente eu dou sorte ou sou a única que tenho disposição para ir.
Mas então... voltando para a festinha privê com direito a salada, lentilha, frango (eu veggie não como) e muito vinho: entrei num cantinho de uma mestra e me senti honrada de pisar na casa de uma lenda viva.
Esta minha professora mudou-se para este apartamento pequeno numa área vip do Greenwich Village em 61 (ou seja, antes da minha mãe nascer!) e dançou em companhias e trabalhou incessantemente na área desde então.
Mas o grande astro da casa dela são os livros e os detalhes artísticos culturais. O micro apartamento é abarrotado de coisas, móveis antigos, na cozinha tem um fogão branco que deve ter a idade da minha avó. Tem fotografias raridades e presentes artísticos autorais que ela recebeu de coreógrafos que já passaram desta para uma melhor.
Ela tem prêmios espalhados pelos cômodos, livros até o teto, e todos de dança. Um pesquisador de história da dança mataria/morreria por algumas das preciosidades que ela coleciona. Eu morreria para ter 1/8 dos livros dela.
Temos como um dos projetos de pesquisa da disciplina deste semestre escolher uma Lost Dance (ou seja uma coreografia morta - sem registros), rastrear todas as informações que conseguirmos e conduzirmos uma pesquisa sobre esta dança desaparecida.
Só na New York Public Library (NYPL) para termos acesso à cartas de Isadora Duncan, fotos de Martha Graham, coleções de Balanchine e registros de produção de espetáculos que desapareceram.
Quer dizer, só na NYPL e na casa desta minha professora.
Comentei com ela que tinha interesse numa obra da Mary Wigman e ela me puxou para um determinado ponto da casa dela e retirou sua seção de livros desta coreógrafa...

2 comments:

  1. Carol convivendo com lendas vivas... Juro, às vezes parece que eu to lendo um romance, fico só no aguardo do próximo capítulo!!! :)

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  2. haha pois é...

    parece coisa de filme tbm!

    Muito mágico seu mundo Carol...

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